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Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

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(...) Agora, <strong>entre</strong> os alunos é mais complicado um pouco, às vezes<br />

prevalece quem é mais forte, quem tem uma liderança maior na sala, você<br />

vê que o ambiente da sala é tranqüilo, as relações são saudáveis, tem sala<br />

que quem é menos forte ou quem é menos poderoso, fica um pouco constrangido<br />

de estar na sala, fica meio que intimidado, então é um relacionamento<br />

assim, eu acho. (Entrevista com professor, Distrito Federal)<br />

Outros enfatizam que apesar dos conflitos, há cumplicidade, solidariedade<br />

e proteção mútua <strong>entre</strong> os alunos, em particular quando se trata de enfrentar<br />

as práticas da escola, o que não significa uma relação pautada pela afetividade:<br />

Eles têm pouca demonstração de afetividade <strong>entre</strong> eles. Eles têm uma<br />

cumplicidade muito grande pela coisa errada. Daquilo que eles têm o conceito<br />

de errado. Talvez para eles não seja errado, não sei. (Entrevista com<br />

diretora/professora, Rio de Janeiro)<br />

Os alunos se agridem, mas eles têm um companheirismo muito bom. Eles<br />

se agridem, eles se batem, mas eles se protegem também. Se protegem nos<br />

grupos, se protegem em pequenos grupos. É quase uma reprodução do<br />

que você é, é reprodução do que você vê nas comunidades, que eles são<br />

muito solidários. Os nossos alunos, eles trazem um retrato perfeito, eu<br />

estou falando da grande porcentagem. (Entrevista com professora, Rio de<br />

Janeiro)<br />

Ao longo do texto, é possível identificar elementos que mostram as singularidades<br />

e as particularidades de cada uma <strong>das</strong> relações estabeleci<strong>das</strong> no<br />

ambiente escolar. No que se refere aos alunos, a questão da sociabilidade é<br />

essencial, assim como a percepção de que a escola é um espaço de socialização.<br />

O relacionamento <strong>entre</strong> eles é marcado pela necessidade de confiar no outro,<br />

de encontrar no outro, interesses semelhantes aos seus de forma que o colega<br />

possa vir a se tornar, de fato, um amigo, contribuindo para que a escola seja<br />

percebida como um espaço prazeroso.<br />

Entretanto, ressalta-se que há uma outra escola onde os alunos demonstram<br />

não gostarem dos colegas, seja porque têm preferências divergentes ou<br />

porque não gozam do mesmo padrão de consumo, da mesma condição<br />

socioeconômica. Nestes casos, as desigualdades sociais representam mais<br />

um fator de tensão no ambiente escolar, distanciando os jovens. Outras<br />

questões, como o desrespeito e a existência de uma relação de poder embasada<br />

pela lei do mais forte também contribuem para este distanciamento.<br />

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