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Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

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síntese dessa pesquisa, na medida em que se constata nexos sutis <strong>entre</strong> as<br />

<strong>violências</strong> nas <strong>escolas</strong>, seu cotidiano e a convivência que nele se dá.<br />

Como visto no capítulo anterior, há muitos atores que se indignam e<br />

propõem medi<strong>das</strong> que ultrapassam a dimensão <strong>das</strong> punições – as quais, se<br />

reconhece que quanto mais arbitrárias, mais ineficazes são. Muitas sugestões,<br />

como se registra naquele capítulo, transitam <strong>entre</strong> o pontual – ações preventivas<br />

e ex post factum – e a proposição de novas práticas: o exercício, na escola,<br />

de uma autoridade legitimada pelo respeito e pelo reconhecimento de deveres<br />

e obrigações mútuos de alunos e professores; mais diálogo; mais atenção às<br />

várias necessidades dos alunos; e melhores condições de exercício da função<br />

de educador, a saber, combinando instrução, conhecimentos e orientação por<br />

formação cidadã.<br />

É certo, contudo, que muitos educadores se alinham a saberes sobre <strong>violências</strong>,<br />

destacando-os como atos contra outros, acercando-se da importância<br />

de um conhecimento que mais valorize a alteridade, o respeito ao outro, a<br />

uma convivência não-violenta, sugerindo mudanças pedagógicas, inclusões<br />

de temas relativos à cultura da diversidade e às <strong>violências</strong> nos currículos.<br />

No âmbito deste estudo, tais sugestões são considera<strong>das</strong> importantes e, em<br />

particular, ilustrativas da vontade de realizar mudanças para enfrentar <strong>violências</strong>.<br />

Contudo, o mal-estar generalizado, decorrente do fato de que os atores<br />

circulam cotidianamente <strong>entre</strong> <strong>violências</strong>, se repete. Desse modo, a frustração<br />

de jovens e adultos em relação à escola indica que a violência se materializa<br />

numa agressão ao outro e que ela tem uma forte repercussão identitária. É<br />

uma violência que se volta e que é orientada contra si mesma, contra a identidade<br />

de ser aluno, de ser professor; não é um ato que termina no plano<br />

individual, ainda que se dê por meio de relações primárias.<br />

As <strong>violências</strong> possuem sentidos coletivos contra instituições, contra a<br />

escola e possivelmente está sinalizando que essa não é uma escola em que se é<br />

feliz, de que se gosta; não é a escola que se queria idealmente, mas que,<br />

também, é uma escola que se quer, por pertenças diversas, como a socialização<br />

com pares e adultos significativos. Essa é a quarta inferência-síntese da<br />

pesquisa: a dinâmica do conceito de violência, a dialética <strong>entre</strong> o gostar e o<br />

não gostar da escola parecem com atos individualizados, mas são também<br />

uma violência contra o outro, contra si e contra a escola.<br />

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