09.05.2013 Views

Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A qualidade <strong>das</strong> relações sociais <strong>entre</strong> os alunos varia segundo o nível de<br />

condição de vítima encontrado na escola, comprovando-se que de fato o<br />

clima escolar se vê afetado pelo nível de <strong>violências</strong> vivi<strong>das</strong> e percebi<strong>das</strong>. É preciso<br />

estar ciente de que a violência não é o único determinante da avaliação<br />

sobre as relações nas <strong>escolas</strong> – o que sugere que essas são afeta<strong>das</strong> por fatores<br />

diversos, sendo o grau de violência registrado nas <strong>escolas</strong> importante condicionamento,<br />

mas não o único. Tem-se que nas <strong>escolas</strong> com baixo nível de<br />

condição de vítima dos alunos, um pouco mais da metade (57,7%) percebe<br />

como bom ou ótimo o tipo de relações sociais <strong>entre</strong> os alunos. Já nas <strong>escolas</strong><br />

com alto nível de condição de vítima dos alunos, esse percentual cai cerca de<br />

10 pontos percentuais, i.e., vai para 46,6%. Ou seja, as relações sociais <strong>entre</strong><br />

alunos são problemáticas independente do grau de <strong>violências</strong> nas <strong>escolas</strong>.<br />

O mesmo ocorre quando se analisa a percepção sobre a relação <strong>entre</strong><br />

alunos e professores: identifica-se que para 53% dos alunos <strong>das</strong> <strong>escolas</strong> com<br />

baixa condição de vítima essa relação é boa ou ótima, enquanto 42% dos<br />

alunos <strong>das</strong> <strong>escolas</strong> com alto nível acham o mesmo.<br />

Pode surpreender, à primeira vista, que nas <strong>escolas</strong> em que é alto o nível de<br />

violência sofrida pelos alunos, também seja alta a proporção de estudantes<br />

que a avaliam positivamente e que consideram boas as relações <strong>entre</strong> alunos e<br />

<strong>entre</strong> esses e os professores.<br />

Pode contribuir para esse aparente paradoxo a proteção da imagem da<br />

escola como uma instituição de referência, como também, insiste-se na tese<br />

de que a violência, passando a ser um construto da cotidianidade, já não<br />

interfere tanto na avaliação sobre o ambiente escolar. No entanto, como se<br />

discute no capítulo sobre relações sociais na escola (cap. 2), ao nível da análise<br />

compreensiva é muito comum a reflexão crítica sobre esse tema.<br />

A relação <strong>entre</strong> situações factuais de <strong>violências</strong> contra alunos, aqui agrega<strong>das</strong><br />

para a construção de tipos de <strong>escolas</strong> segundo a condição de vítima dos<br />

alunos, e a percepção sobre o nível de <strong>violências</strong> nas <strong>escolas</strong> é complexa e não<br />

necessariamente linear, sugerindo que a sensação de que se circula por lugares<br />

violentos, incluindo as <strong>escolas</strong>, é um estado social difuso.<br />

Tem-se que 61% dos alunos que estudam em <strong>escolas</strong> com alto nível de<br />

condição de vítima identificam pouco ou nenhum grau de violência em sua<br />

escola, ao passo que, para as <strong>escolas</strong> com baixo nível, esse percentual sobe<br />

para 75%.<br />

332

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!