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Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

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dades da escola (professores, diretores e demais funcionários). Essa modalidade<br />

de violência decorre de ressentimentos de certos jovens e de certas famílias<br />

contra a escola e seu funcionamento. Note-se que, na acepção de Charlot,<br />

esta é uma modalidade de violência praticada principalmente por alunos e<br />

consiste em atos contra a instituição e contra aqueles que a representam.<br />

Nesse sentido, a violência contra a escola está relacionada, no entendimento<br />

de Charlot, à violência da escola: a violência institucional, simbólica, a qual<br />

se manifesta por meio do modo como a escola se organiza, funciona e trata os<br />

alunos (modo de composição <strong>das</strong> classes, de atribuição de notas, tratamento<br />

desdenhoso ou desrespeitoso por parte dos adultos, <strong>entre</strong> outras coisas).<br />

Furlong (2000, p. 4) defende que distinguir violência escolar (escola como<br />

sistema que causa ou acentua problemas individuais) de violência na escola<br />

(escola como espaço físico onde se dão atos de agressão) é importante para<br />

que se possa estabelecer com clareza qual é o papel dos educadores e da escola<br />

enquanto instituição na prevenção de situações de violência.<br />

Essa proposta de classificação da violência nas <strong>escolas</strong> ajuda a compreender<br />

o fenômeno na medida que considera manifestações de várias ordens. Contudo,<br />

mostra-se insuficiente para compreender certos tipos de manifestação<br />

que ocorrem dentro dos estabelecimentos de ensino e que estão relaciona<strong>das</strong><br />

a problemas internos de funcionamento, de organização e de relacionamento.<br />

Exemplo disso são as brigas <strong>entre</strong> alunos ou as discussões <strong>entre</strong> professores<br />

e alunos. É certo que brigas e discussões podem ocorrer em qualquer tipo de<br />

espaço social. Entretanto, quando se dão na sala de aula ou no pátio de um<br />

estabelecimento, é preciso analisar a conexão desses episódios com o ambiente<br />

escolar, com práticas e dinâmicas que se dão nele.<br />

Outra tentativa de dar conta da complexidade da violência nas <strong>escolas</strong>, é<br />

adotar conceituações que apreendam sua multiplicidade de formas e de<br />

manifestações. Nesse sentido, Wessler (2003) critica autores que restringem<br />

o fenômeno a condutas criminais.<br />

Outro exemplo de abordagem que tende a restringir a compreensão da<br />

problemática são as análises que associam a violência nas <strong>escolas</strong> ao aumento<br />

do envolvimento de adolescentes e jovens com crimes — verificado em países<br />

como os Estados Unidos. Estas associam a violência nas <strong>escolas</strong> com os delitos<br />

praticados por jovens. Por exemplo, dados referentes à população norteamericana<br />

indicam que <strong>entre</strong> 1985 e 1993 a taxa de homicídio cresceu mais<br />

rapidamente <strong>entre</strong> adolescentes do que no restante da população e que os<br />

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