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Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

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“Saiu do colégio, vocês mandam na vida de vocês. A gente não tem mais responsabilidade<br />

aqui”. É verdade que, em alguns casos, tal atitude não se caracteriza<br />

como uma omissão deliberada, mas é conseqüência do medo: uma vez, uma gangue<br />

invadiu a escola por causa da merenda, e os professores se esconderam debaixo da mesa.<br />

Insiste-se que a escola, enquanto instituição, revela dificuldade para<br />

lidar com o problema e quando o caso de gangues envolve alunos adota-se,<br />

em várias situações, a expulsão (mascarada na forma de transferência) como<br />

estratégia para evitar a ação de gangues:<br />

No dia que o menino trouxe a turminha de fora da escola para bater no<br />

agressor, a direção da escola estava reunida com os pais desses alunos. Mas<br />

como não houve condições de conciliar as coisas por aqui mesmo, pois já<br />

eram meninos grandes, 16 e 17, o diretor resolveu dar a transferência para<br />

os dois imediatamente, porque aqui a gente não tolera isso. (Entrevista<br />

com professora, Salvador)<br />

Essas situações descritas, além de criarem tensões, comprometem as<br />

normas disciplinares, causam danos físicos e morais aos atores da escola (que<br />

são submetidos a constantes tensões), deterioram as relações sociais e prejudicam<br />

a qualidade do ensino e a efetividade dos processos pedagógicos.<br />

9.4.TRÁFICO<br />

O quadro é mais dramático quando entram em cena quadrilhas liga<strong>das</strong> ao<br />

narcotráfico, que aparecem em to<strong>das</strong> as capitais pesquisa<strong>das</strong>.<br />

A violência urbana e a criminalidade são ti<strong>das</strong> como propulsoras da violência<br />

que se manifesta nos arredores da escola. Segundo Guimarães (s/d), a<br />

escola pode ser perpassada por diversos tipos de situações da ordem da<br />

violência urbana e da criminalidade, que não são específicas à dinâmica escolar,<br />

mas que afetam seu cotidiano, interferindo no ambiente, na maneira<br />

como ela se organiza e nas relações <strong>entre</strong> os atores sociais que nela convivem.<br />

Nos termos da autora (s/d, p.1) são:<br />

ações resultantes de um quadro de violência difusa que hoje domina as<br />

ruas da cidade com freqüência são registra<strong>das</strong> nas imediações dos estabelecimentos<br />

de ensino, não raro refletindo-se em seu interior, que abrangem<br />

situações distintas como assaltos a professores e aluno na saída <strong>das</strong> aulas,<br />

roubos de tênis para uso próprio ou para trocar por drogas, balas perdi<strong>das</strong><br />

atingindo estudantes no interior <strong>das</strong> salas de aula, estudantes sendo feridos<br />

ou mortos acidentalmente por colegas que entram armados, sem que isso<br />

fosse percebido pelo corpo escolar.<br />

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