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Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

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coisas exige da escola, de seus gestores, bem como daqueles mais diretamente<br />

responsáveis pelo processo de ensino e aprendizagem, um maior preparo para<br />

entender as interferências do fenômeno da violência na rotina escolar e para<br />

prevenir, mediar e resolver o que resulta de suas manifestações.<br />

Quando se tem como foco os atos violentos, percebe-se que as relações<br />

tendem a ser trabalha<strong>das</strong> com uma série de dualidades que evidenciam como<br />

os agressores e as vítimas são vistos e interagem <strong>entre</strong> si, a depender, em especial,<br />

do que os primeiros objetivam e <strong>das</strong> razões que os motivam, quando<br />

estas existem. Assim, é perceptível que as ocorrências demonstrem, de um<br />

lado, a superioridade, a virilidade, a força e a coragem, tudo pela busca do<br />

reconhecimento, do respeito e da credibilidade; e de outro, a inferioridade, a<br />

fraqueza, a submissão, a fragilidade e a impotência. Certo maniqueísmo sobre<br />

uma tipologia de fortes versus fracos se instala e <strong>das</strong> agressões como meio de<br />

comunicação, o que para muitos é próprio de um certo ciclo etário, como se<br />

pudesse frear ou controlar <strong>violências</strong> quando essas assumem o caráter de um<br />

habitus, uma forma de relação.<br />

No entanto, o que torna ainda mais complexa essa discussão é a inexistência<br />

de uma tipologia pura sobre aquele que agride e sobre aquele que é<br />

agredido, uma vez que estes estabelecem uma relação que é bidirecional.<br />

Sustenta-se mais uma vez o argumento de que, nas <strong>escolas</strong> brasileiras, está<br />

presente a cultura do revide, o binômio ação-reação, ultrapassando até mesmo<br />

a idéia de papéis de gênero, uma vez que meninos e meninas, independente<br />

<strong>das</strong> circunstâncias, constituem-se simultaneamente em agressores e vítimas.<br />

Ressalta-se que, por serem elementos constituintes <strong>das</strong> relações sociais na<br />

escola, as agressões físicas acabam por prevalecer sobre o diálogo e outras<br />

formas não-violentas de resolução dos conflitos. Assim, elas se tornam instrumento<br />

utilizado para expressar visões e percepções sobre a escola e seu funcionamento,<br />

bem como sobre os papéis a serem desempenhados dentro dela<br />

e ao mesmo tempo negar a idéia da escola, da educação como impulso à<br />

comunicação, ao diálogo para um avanço civilizatório.<br />

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