09.05.2013 Views

Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

13.2. RECOMENDAÇÕES<br />

O quadro de <strong>violências</strong>, mesmo as difusas e que não são percebi<strong>das</strong> como<br />

tal – delineado nesta pesquisa –, remete a vários tipos de dificuldades que<br />

permeiam o cotidiano da escola, as quais rebatem e fomentam manifestações<br />

que vão desde relações sociais conflituosas, insultos, brigas, furtos, ameaças e<br />

vários tipos de desafios às normas de convivência em sala de aula – por parte<br />

dos alunos e do corpo técnico-pedagógico –, até a entrada.<br />

Trabalhou-se, também, na pesquisa, com o chamado “mal-estar docente”<br />

– causado pelas dificuldades do cotidiano, pelo estresse, pela violência e pela<br />

síndrome de burnout –, o que constitui também em fonte de tensão para os<br />

alunos e os professores e tem como conseqüência uma diminuição no rendimento<br />

escolar e docente.<br />

Contudo, é fundamental atentar para o fato de que a diversidade e a complexidade<br />

da temática não permitem que se pense em sistemas de repressão,<br />

controle e castigo como instrumentos e estratégias capazes de controlar e/ou<br />

abolir as <strong>violências</strong> nas <strong>escolas</strong>. Considerando o enraizamento <strong>das</strong> <strong>violências</strong><br />

no cotidiano da escola, afetando a convivência e as relações sociais, é<br />

necessário pensar em uma atuação voltada para os direitos humanos, de<br />

modo a possibilitar que a escola repense seus problemas estruturais, tais como<br />

a repetência, a evasão, a má qualidade do ensino e, até mesmo, o aumento <strong>das</strong><br />

<strong>violências</strong> nas <strong>escolas</strong>.<br />

Com relação a esta última, vale a pena enfatizar que, mesmo que a escola<br />

continue sendo um local privilegiado de socialização, de formação de atitudes<br />

e valores, de conhecimento e aprendizagem, os resultados da pesquisa apontam<br />

para uma certa perplexidade diante <strong>das</strong> dificuldades enfrenta<strong>das</strong> no<br />

cotidiano. Essas dificuldades, também evidencia a pesquisa, resultam <strong>das</strong><br />

tensões internas existentes, de problemas de gestão e do próprio modelo de<br />

escola, e acabam por colocar em cena desigualdades e heterogeneidades que<br />

ela acolhe e reforça e que resultam da democratização do acesso ao ensino.<br />

Nesse movimento, tornam-se visíveis os bloqueios do sistema a crianças e<br />

jovens não afinados com os códigos do mundo escolar, o que pode fazer com<br />

que a escola seja um lugar privilegiado de violência (Debarbieux, 2002).<br />

Ao mesmo tempo, são visíveis alguns impactos <strong>das</strong> <strong>violências</strong> nas <strong>escolas</strong>,<br />

como o absenteísmo e a desvalorização social dos estabelecimentos marcados<br />

como violentos e cujo estigma recai sobre alunos, professores, familiares e a<br />

375

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!