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Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

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a polícia não protege, alimentando um sentimento de insegurança social que<br />

é mais geral. (Mucchielli, 2002).<br />

A escola, enquanto instituição imersa nesse ambiente, não está imune ao<br />

imaginário do medo e da insegurança tanto no que diz respeito à vulnerabilidade<br />

imaginária – isto é, ligada a uma sensação de insegurança e a ameaças a<br />

que a escola estaria sujeita – e à vulnerabilidade real, conseqüência da violência<br />

que marca certas áreas urbanas, da precariedade <strong>das</strong> instalações dos<br />

prédios escolares, da falta de pessoal e da deficiência dos mecanismos de<br />

vigilância e controle de <strong>escolas</strong>.<br />

Conforme apontam Teixeira e Porto (1998, p.51), a insegurança no mundo<br />

moderno está relacionada à ascensão da violência que, por sua vez, promove<br />

a base e o fortalecimento de um imaginário do medo. Entretanto, é importante<br />

enfatizar que tal medo nem sempre corresponde à realidade. Nesse sentido, as<br />

reflexões de Kahn (2001) acerca da percepção da população sobre a criminalidade<br />

ajudam a contextualizar a problemática do medo e da insegurança.<br />

O autor argumenta que as noções <strong>das</strong> pessoas sobre criminalidade nem<br />

sempre correspondem à realidade, pois são também influencia<strong>das</strong> pela<br />

maneira como os meios de comunicação tratam o tema.<br />

Não só os alunos, mas também os adultos demonstram medo e insegurança<br />

sobre o que fazer em relação à sensação de vulnerabilidade causada<br />

pelos usuários de drogas na frente <strong>das</strong> <strong>escolas</strong>, principalmente quando estes<br />

parecem ter relações com os alunos. Chama a atenção no depoimento abaixo,<br />

a sensação de impotência que a professora manifesta:<br />

Só que tem situações que eu te falo, que a gente tem um receio também.<br />

Ainda ontem comentei com a vice-diretora, que eu tava chegando um pouquinho<br />

atrasada, e eu vi duas pessoas, uma senhora e um rapaz fumando,<br />

e os alunos em volta deles. Eu pensei: “Deve ser mãe de alguém, pai de<br />

alguém”. Mas sete horas da manhã, o aluno do ensino médio, o pai e a<br />

mãe vai vir na porta? E com cigarro na mão, ali, os dois fumando (...) Eu<br />

falei: “Isso aí é uma coisa suspeita, mas você vai dar a cara a tapa?” (...) Agora,<br />

o aluno que tava lá, eu vou chegar pra ele e falar: “Quem era aquele pessoal?”<br />

Não tenho coragem de fazer isso, porque a gente se sente assim meia<br />

impotente em relação a isso. (...) (Entrevista com professora, São Paulo)<br />

Para além <strong>das</strong> suspeitas e vieses que alimentam o sentimento de insegurança,<br />

uma parcela significativa dos relatos se baseia em fatos concretos, o que<br />

é uma indicação clara de que muitas <strong>escolas</strong> têm efetivamente problemas de<br />

segurança.<br />

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