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Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

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me esqueci e a pessoa tem acesso às dependências da escola. Em outras, qualquer<br />

pessoa que esteja trajando o uniforme pode entrar livremente. Por vezes, são<br />

os próprios alunos que levam amigos que não pertencem ao corpo discente –<br />

tem um aluno chamado [nome] que sempre ele trazia os colegas dele pra cá. E eles<br />

traziam cigarro, aí eles ficavam fumando no corredor. Relatam também que há<br />

estranhos que entram na escola e ficam escondidos fumando maconha.<br />

Os invasores, algumas vezes, competem com os alunos pelos espaços da<br />

escola, como por exemplo, a quadra de futebol: (...) se a gente está jogando<br />

bola na quadra, a pessoa empresta a bola e eles vêm e tira nós pra eles jogarem.<br />

(...) Eles entram pra ficar dando tapinha nos alunos menor, pra ficar bagunçando<br />

assim, ficar tirando sarro. É porque eles são maior.<br />

Há também a suspeita de invasões por integrantes de grupos criminosos<br />

organizados: (...) entra muita gente aqui que não é da escola. Acho que eles<br />

representam uma facção. Existem denúncias de bandidos que entram na escola<br />

ameaçando, coagindo e chantageando os alunos: Eles ameaçaram matar.<br />

Depois eles vão embora falando que quem não respeitar vai morrer e alguma<br />

coisa assim. [Eles mandam os alunos] roubar. Dinheiro e coisas valiosas que<br />

valem dinheiro.<br />

Para além dos transtornos, problemas e prejuízos decorrentes <strong>das</strong> invasões,<br />

outro aspecto consiste na dificuldade que os adultos da escola enfrentam para<br />

conter os invasores, como se passa no relato a seguir: pessoas estranhas e que às<br />

vezes estudou no colégio, depois ele retorna pulando muro ou passando até pelo<br />

portão principal. Dizendo-se que quer falar com a vice, resolver um problema.<br />

Então a gente não tem como dizer não.<br />

Os alunos têm a percepção de que nem sempre os adultos e os seguranças<br />

conseguem coibir as invasões, o que os leva a recorrer à polícia: quando entra<br />

alguns moleques, eles mandam sair e, se não sair, eles chamam a polícia. Há também<br />

casos em que os adultos simplesmente não ficam sabendo da presença de<br />

estranhos na escola: Não [viam] porque eles ficavam do lado de fora. Aí, como<br />

os professores ficavam do lado de dentro [da sala de aula] (...) não dava pra ver.<br />

Segundo os estudantes, alguns diretores tentam controlar as invasões, mas<br />

nem sempre têm sucesso, seja porque os invasores burlam a segurança - eles<br />

sempre dão um jeito e entram de novo na hora do recreio, ou porque pouco<br />

(ou quase nada) pode ser feito frente aos grupos que atuam na região onde a<br />

escola se situa: a diretora não pode fazer nada. Agora que já tomou tiro, ela<br />

não pode entrar na frente, porque ela sabe [que] se ela entrar, ela toma tiro<br />

também.<br />

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