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Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

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Em outros casos, revistar o aluno torna-se uma ameaça para fazer com que<br />

o objeto furtado apareça, medida que segundo alunos não surtem o efeito<br />

esperado, sobretudo porque existem estratégias para se burlar a busca:<br />

Às vezes, a diretora vai à sala e fala que, se não <strong>entre</strong>garem, vai revistar as<br />

bolsas. Quando ela fala que vai revistar as bolsas, ela sai um pouco e eu<br />

não sei onde eles [os alunos] põem. Eles jogam pela janela. Jogam assim<br />

aqui na janela as coisas e quando vai ver, aparece, está aí [o que foi<br />

furtado]. Nunca pegaram eles [aqueles que furtam]. (Entrevista com<br />

aluna, São Paulo)<br />

Enfocando a escola, pode-se dizer que a legitimidade e a eficácia <strong>das</strong> punições<br />

estão relaciona<strong>das</strong> aos modos de convivência e às relações de autoridade que<br />

nela se estabelecem. Ou seja, dependendo da maneira como os atores interagem<br />

nos estabelecimentos de ensino e de como os papéis de autoridade são colocados<br />

em prática, as punições têm maior ou menor legitimidade.<br />

Assim, verifica-se que as punições nem sempre são eficazes no sentido de<br />

coibir práticas e comportamentos indesejados ou considerados inadequados,<br />

porque não são encara<strong>das</strong> como sanções fortes o suficiente para coibir atitudes<br />

e práticas rechaça<strong>das</strong> ou proibi<strong>das</strong>.<br />

12.2. ENTRE PUNIÇÕES E OMISSÕES<br />

Nem sempre a escola busca alguma forma de resolução dos conflitos ou<br />

reage quando da ocorrência de algum ato violento. Existem <strong>escolas</strong> que se<br />

omitem e não tomam providência.<br />

Constata-se também uma certa inação por parte do corpo técnico-pedagógico,<br />

o que é mais recorrente em casos de furtos nas salas de aula e de ameaças.<br />

Ele [um aluno] me ameaçou dentro do colégio. Eu falei com a diretora e ela<br />

não resolveu. Aí, aconteceu outra vez. Tive que falar com a minha mãe novamente.<br />

A gente teve que ir novamente para a justiça e dei entrada no Juizado<br />

de Menores. Mas a gente se fala hoje. Mas ele me disse que ia me bater lá<br />

fora e a reação da diretora foi nenhuma! Eu falei: “Professora, ele disse que<br />

vai me bater lá fora!”. Ela: “O que eu posso fazer? É lá fora”. Aí, eu achei<br />

isso erradíssimo, extremamente errado. Ela tem que resolver. Briguei aqui<br />

com ele e voltou tudo ao normal. (Entrevista com aluno, Salvador)<br />

A omissão pode ser justificada pelo despreparo dos professores para lidar com<br />

situações de violência na escola, seja no seu interior ou nas suas imediações:<br />

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