09.05.2013 Views

Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Não, nem suspensão, nem recreio, nada. O que, por um lado, eu acho<br />

muito ruim porque mesmo <strong>entre</strong> eles usam um termo, dizem assim “Ah,<br />

não dá nada. Eu faço tudo e não dá nada nunca”. “Ah, professora. Vão<br />

chamar o meu pai e minha mãe. O quê que tem? É só isso que acontece”.<br />

Parece que eles te pedem, eles pedem punição, eles pedem que tu<br />

imponha limites. Mas eu vejo também que, muitas vezes, eles abusam<br />

dessa impunidade que eles sabem que existe. (Entrevista com professora,<br />

Porto Alegre)<br />

Esses tempos, eu estava vindo para o colégio e um aluno da sexta série<br />

desceu do ônibus comigo. Ele é bem danado. Às vezes, eu estou dando aula<br />

na sala ao lado e eu escuto tudo que ele fala. Ele grita, ele não tem um<br />

comportamento adequado. Eu perguntei para ele porque ele não mudava<br />

e ele disse que já tinha assinado umas quatro ocorrências e não tinha acontecido<br />

nada. Eu fico tão triste. Parece que a gente não tem autoridade, não<br />

tem poder, não tem nada, porque um aluno diz assim: “Não me aconteceu<br />

nada. Já assinei e não dá nada”. (Grupo focal com professores, Porto Alegre)<br />

As punições nem sempre são reconheci<strong>das</strong> como instrumentos efetivos de<br />

ordenamento do espaço escolar, sobretudo porque o seu caráter de justiça<br />

varia muito de acordo com a circunstância. Além disso, a flexibilidade na<br />

aplicação <strong>das</strong> punições incita nos alunos um sentimento de impunidade,<br />

sendo determinantes para o não cumprimento <strong>das</strong> mesmas.<br />

12.4. ALTERNATIVAS ÀS MEDIDAS PUNITIVAS<br />

Considerando a ineficácia <strong>das</strong> medi<strong>das</strong> punitivas adota<strong>das</strong> pela escola, e<br />

do questionamento de sua autoridade, alguns professores concluem que<br />

talvez essas não sejam as melhores soluções:<br />

Eu acho que as condições não param na questão da punição. Não é a<br />

questão da punição. Talvez seja a questão da gente ouvir mais este aluno,<br />

porque o que eu sinto é que ele volta a ter as mesmas recaí<strong>das</strong>, tipo: se ele<br />

quebrou um dia, ele volta a quebrar; se ele se comportou um dia na sala<br />

de aula, ele volta a se comportar daquela forma. Antes que isso se repita,<br />

por que ele quebra, por que ele se comporta mal? (Entrevista com vicediretor,<br />

Salvador)<br />

Outra idéia defendida que reforça o questionamento sobre medi<strong>das</strong> punitivas<br />

é a de que essas podem servir como estímulo para que novos atos violentos<br />

sejam praticados na escola e para que os alunos assumam realmente, e<br />

propositadamente, uma postura combativa:<br />

360

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!