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Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

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encosta em alguém, bate. Porque, às vezes, até o menino já faz m... com os<br />

garotos, ou então bateu no colega deles. Aí quando vem para a escola, eles<br />

vêm atrás. (Entrevista com aluno, Rio de Janeiro)<br />

É importante considerar ainda que, em certos estabelecimentos, o tráfico<br />

está infiltrado <strong>entre</strong> os próprios alunos, os quais identificam colegas ou pessoas<br />

que se passam por alunos, mas que são, na verdade, traficantes:<br />

Esse ano teve [tráfico de drogas na escola]. Logo no começo teve, era um<br />

rapaz alto que trazia, vinha numa mochila, parece. Ele disse que estudava,<br />

mas depois ele sumiu aqui do colégio. E ele entrava com facilidade.<br />

Normal. Diziam que [a droga que ele trazia] era maconha. Não sei se eles<br />

[os alunos] compravam, mas às vezes eu via eles fumando no corredor.<br />

(Entrevista com aluno, Belém)<br />

O tráfico de drogas dentro da escola também foi constatado na pesquisa<br />

“Drogas nas Escolas” – ainda que em menor escala que nos arredores –, num<br />

contexto em que os alunos aparecem como intermediários. Ou seja, nem<br />

sempre eles estão diretamente a serviço dos traficantes, mas passam a droga<br />

para amigos e colegas, caracterizando um vínculo de amizade e cumplicidade<br />

(Castro e Abramovay, 2002)<br />

Há diretores que dizem saber da existência desse tipo de situação, mas<br />

alegam que pouco podem fazer para evitá-las. Ponderam que a escola é um<br />

espaço aberto a todos, cujo acesso não está sujeito a restrições ou a triagens.<br />

Um exemplo citado é a impossibilidade de solicitar atestado de antecedentes<br />

criminais aos alunos, o que é visto como um fator que dá margem à venda de<br />

drogas dentro <strong>das</strong> <strong>escolas</strong>. Tal discurso revela, novamente, a incapacidade da<br />

escola, através de seus próprios mecanismos institucionais, de evitar e coibir<br />

o crime e a violência em suas dependências:<br />

Você não pede antecedentes criminais, não pode pedir. Não sei, não pede,<br />

entra todo mundo na escola. (...) você sabe perfeitamente, alguns vêm à<br />

escola por causa da merenda e outros pra fazer o tráfico, a vendagem deles<br />

de drogas. Passar droga dentro da escola, aliciar os outros, engrossar o<br />

exército deles. Então, a gente sabe disso, mas a gente tem que fazer vista<br />

grossa, fazer de conta que está tudo muito bem, que não é assim e ir passando.<br />

Então, eu acho que nós diretores não estamos preparados para isso.<br />

(Entrevista com diretor, Salvador)<br />

Independentemente de venderem droga ou não, em alguns estabelecimentos<br />

existem alunos que são ligados ao tráfico. Somente este fato, pode<br />

criar problemas e situações de conflito – como quando há tentativas de acerto<br />

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