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Cotidiano das escolas: entre violências; 2006 - MULTIRIO

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<strong>das</strong> atividades criminosas, mas também porque a violência faz parte da identidade<br />

e dos códigos de honra do grupo” (Lepoutre, 1997).<br />

As gangues estão presentes no cotidiano de vários estabelecimentos de<br />

ensino, o que corrobora os resultados da pesquisa “Violências nas Escolas”,<br />

a qual apontou as gangues como um dos cinco principais problemas, para um<br />

percentual que varia de 25% a 47% do total dos alunos, dependendo da<br />

Unidade da Federação pesquisada.<br />

Nas <strong>escolas</strong>, se encontram grupos de alunos que pertencem a gangues, mas<br />

que se organizam, principalmente fora do espaço escolar. É muito difícil<br />

que toda a gangue esteja dentro da escola, mas foram encontrados muitos<br />

elementos que pertencem a gangues.<br />

Outro aspecto que precisa ser levado em conta é a variedade de sentidos<br />

atribuídos ao termo, o que se percebe no discurso dos alunos. Quando questionados<br />

sobre a existência de gangues em suas <strong>escolas</strong>, eles se referem tanto<br />

a grupos de jovens que se reúnem por gostos semelhantes, quanto a grupos de<br />

amigos que se unem informalmente e apenas por um período de tempo para<br />

defender um colega, bem como a agrupamentos organizados que atacam e<br />

que atuam nas imediações da escola.<br />

Tal variedade de sentidos remete, no plano conceitual, a uma ambigüidade<br />

inerente ao termo gangue no Brasil, onde a palavra tem sido usada para<br />

designar um grupo de jovens, um conjunto de companheiros e também uma<br />

organização juvenil ligada à delinqüência (Abramovay et al., 2004, p. 95).<br />

Ao mesmo tempo, se refere a uma multiplicidade de contornos e práticas<br />

assumidos pelos grupos que atuam nas <strong>escolas</strong> ou nos arredores <strong>das</strong> mesmas.<br />

Também há uma variedade de modos e graus de envolvimento dos integrantes<br />

<strong>das</strong> gangues com violência, o que é inerente à percepção dos alunos.<br />

Eles mencionam a existência de gangues de roqueiros e “patricinhas”, bem<br />

como as gangues de (...) pagodeiros, bichas (...). Conforme explicam, trata-se<br />

de grupos que se organizam da seguinte maneira:<br />

Existem galeras que se unem por terem afinidades por alguma coisa. Tipo<br />

assim, tem alunos que gostam de skate, grafites, violão, movimento anarcopunk<br />

e até pichador que se reúnem no pátio na hora do intervalo. E não<br />

precisa ser da mesma sala. (Grupo de discussão com alunos, Salvador)<br />

Os alunos também relatam a existência de grupos que adotam comportamentos<br />

de gangue, geralmente, para defender um colega. Nessas situações, os<br />

jovens se reúnem para atacar alguém ou revidar uma agressão ou uma ofensa:<br />

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