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Maria Odila Finger Fernandes Lima - UNISC Universidade de Santa ...

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48em que suas percepções, sentimentos, bem como as normas regentes e valoresdominantes transcen<strong>de</strong>m a realida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> a arte permanece em um lugar <strong>de</strong> força<strong>de</strong> resistência.A formação estética po<strong>de</strong> ser entendida, segundo Marcuse (1999, p. 20):Po<strong>de</strong>mos tentar <strong>de</strong>finir provisoriamente a “formação estética” como oresultado da transformação <strong>de</strong> um dado conteúdo (facto actual ou histórico,pessoal ou social) num todo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte: um poema, peça, romance, etc.A obra é assim do processo constante da realida<strong>de</strong> e assume umsignificado e verda<strong>de</strong> próprios. A transformação estética é conseguidaatravés <strong>de</strong> uma remo<strong>de</strong>lação da linguagem, da percepção e dacompreensão, <strong>de</strong> modo a revelarem a essência da realida<strong>de</strong> na suaaparência: as potencialida<strong>de</strong>s reprimidas do homem e da natureza. A obra<strong>de</strong> arte representa assim a realida<strong>de</strong>, ao mesmo tempo que a <strong>de</strong>nuncia.Marcuse (1999) alega que a função crítica e colaboradora pela libertação<strong>de</strong>senvolve-se na sua forma estética. Uma vez que, para o autor a obra <strong>de</strong> arte éautêntica e verda<strong>de</strong>ira não pelo seu conteúdo ou pela sua pureza, mas pela formaque toma o seu conteúdo. Somado a isto, a arte vem a ser uma percepção domundo que aliena os sujeitos da sua existência e atuação funcionais, pois ela estácomprometida com a emancipação da sensibilida<strong>de</strong>, da imaginação e da razão.Marcuse suscita ainda que a transformação estética seja uma ferramenta <strong>de</strong>acusação e <strong>de</strong> reconhecimento das potencialida<strong>de</strong>s reprimidas e distorcidas dossujeitos.Na visão <strong>de</strong> Marcuse (1999), em uma obra <strong>de</strong> arte é possível ultrapassar o<strong>de</strong>senvolvimento social, uma vez que é possível que nela aflore o milieu, ou seja, omundo da vida dos protagonistas. Para o autor, há uma transcendência naquilo queestá representado, pois ocorre uma colisão com o mundo da vida do sujeito, queestá visualizando a obra <strong>de</strong> arte, isto é, “[...] através <strong>de</strong> acontecimentos queaparecem no contexto <strong>de</strong> condições particulares [...]” revela outras questões quenão são necessariamente específicas <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado contexto. Marcuse (1999,p. 32) exemplifica em seu texto este pressuposto.Humilhados e Ofendidos <strong>de</strong> Dostoievsky, Os Miseráveis <strong>de</strong> Victor Hugosofrem não só a injustiça <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> classes comoestão a favor da humanida<strong>de</strong> e contra a <strong>de</strong>sumanida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os tempos.O universal que aparece no seu <strong>de</strong>stino está para lá das socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>classes.

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