11.07.2015 Views

Maria Odila Finger Fernandes Lima - UNISC Universidade de Santa ...

Maria Odila Finger Fernandes Lima - UNISC Universidade de Santa ...

Maria Odila Finger Fernandes Lima - UNISC Universidade de Santa ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

71gênero feminino no magistério dizem respeito “[...] na forma como as professorasentraram, permaneceram e têm atuado na profissão” (LELIS, 2001, p. 45). Em suapesquisa, Lelis (2001) i<strong>de</strong>ntificou a questão da socialização familiar como umdispositivo importante ao ingresso no magistério, em que é expressa em práticasculturais, re<strong>de</strong>s sociais e também em constrangimentos econômicos.Historicamente a profissão docente não era uma profissão feminina, pois atéo século XIX o magistério apresentava-se como sendo uma profissão marcadamentemasculina. Entretanto, a partir da consolidação das escolas normais, em meados <strong>de</strong>1835, começou-se a vigorar a presença em massa <strong>de</strong> mulheres na docência(VILLELA, 2000). Assim como no discurso das docentes acerca do lado maternal eafetivo da profissão, Villela (2000) enfatiza que a inserção da mulher no magistériotinha um caráter <strong>de</strong> regeneradora moral da socieda<strong>de</strong> da época, visto que estacaracterística estava intimamente relacionada com a expansão do papel da mãe.Werle (2005) relata em seu artigo que no Rio Gran<strong>de</strong> do sul, em meados doXIX, a inicialização das Escolas Normais foi presidida por um padre, uma vez que omesmo <strong>de</strong>sempenhou um papel fundamental na formação <strong>de</strong> professoras noEstado. Contudo, havia um discurso estratégico e <strong>de</strong> convencimento para quemoças se candidatassem aos bancos das Escolas Normais.O po<strong>de</strong>r público da época adotava estratégias discursivas e <strong>de</strong>convencimento, reafirmando a importância <strong>de</strong> recorrer às “professorashabilitadas pela Escola Normal”, para suprir as ca<strong>de</strong>iras do sexo masculinovagas por falta <strong>de</strong> professores homens. A socieda<strong>de</strong> da época <strong>de</strong>veria serconvencida das vantagens <strong>de</strong> mulheres, e não <strong>de</strong> homens, ensinarem asprimeiras letras aos meninos. Pela argumentação <strong>de</strong> agentes do governo, arepresentação da mulher-professora se fazia pela infantilização e“maternagem” associadas à <strong>de</strong>dicação, amor, carinho e doação. (WERLE,2005, p.616).Para Werle (2005), a feminização do trabalho está diretamente relacionada àquestão do convencimento dos órgãos competentes da época às moças, tendo emvista que elas melhor <strong>de</strong>sempenhariam o papel <strong>de</strong> professor <strong>de</strong>vido ao aspecto damaternagem e do carinho implícitos no papel <strong>de</strong> mulher reforçados socialmente. Asparticipantes da pesquisa enfatizaram os aspectos colocados pela autora, uma vezque para as professoras o trabalho docente é aquele relacionado com afetivida<strong>de</strong>,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!