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Os Povos Indígenas na América Latina • Síntese<br />
interculturais ou indígenas, que sem dúvida oferecem um quadro de<br />
experiências para progredir no direito à educação dos povos indígenas<br />
e na construção de sociedades multiculturais.<br />
Tanto a incorporação da perspectiva intercultural nas instituições<br />
convencionais existentes como a geração de novas instituições de<br />
educação superior que respondam aos requisitos e cosmovisões indígenas<br />
são ferramentas imprescindíveis para a transformação das relações<br />
sociais, culturais, econômicas e políticas nos países da região, pois<br />
constituem um espaço para a edificação de um diálogo simétrico, de<br />
mútuo respeito e útil para o fortalecimento da diversidade.<br />
Observa-se uma escassa pertinência da maioria das instituições de<br />
educação superior da América Latina com relação à diversidade social<br />
e cultural que caracteriza os países da região. Isto reforçou formas de<br />
discriminação que afetam não só indivíduos e comunidades de povos<br />
indígenas, mas também os planos de estudo e a qualidade da formação<br />
nessas instituições. Essa escassa pertinência com a diversidade social<br />
e cultural de seus contextos de atuação também incide negativamente<br />
em suas possibilidades de geração de conhecimentos, tecnologias e<br />
inovações sociais e educativas úteis, que poderiam ser benéficas para<br />
os povos indígenas em particular e as respectivas sociedades nacionais<br />
em seu conjunto.<br />
A construção de políticas de educação intercultural está<br />
estreitamente relacionada com a capacidade do Estado para levar em<br />
conta as demandas educativas das populações mediante a participação<br />
ativa das comunidades. Conforme indicado, se não houver participação<br />
das famílias e autoridades indígenas no planejamento e administração<br />
educativa, a formulação de programas interculturais fica sem sustento,<br />
pois entrariam em contradição com as aspirações legítimas de execução<br />
de projetos próprios de desenvolvimento comunitário (Baronnet, 2013).<br />
A ênfase deve ser atribuída à criação de capacidades entre os docentes,<br />
como a de ensinar na língua materna dos estudantes, e prepará-los para<br />
que compreendam a importância de envolver a comunidade na educação<br />
formal (UNESCO, 2013).<br />
“Nada sobre nós sem nós”, diz um velho ditado. Este aforismo<br />
tornou-se fundamental para os povos indígenas, cujos saberes em matéria<br />
de conhecimentos tradicionais, cultura, meios de vida, visões do mundo<br />
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