cepal-desafios
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I. Antecedentes e contexto sociopolítico<br />
dos direitos dos povos indígenas<br />
na América Latina<br />
A. Aspectos históricos<br />
A situação atual dos povos indígenas na América Latina só pode ser<br />
compreendida como o resultado histórico do processo que começou<br />
com a chegada dos europeus há mais de cinco séculos, mediante o qual<br />
estes foram despojados dos territórios que habitavam, de seus espaços de<br />
reprodução social e cultural e também de sua própria cultura, cosmovisões<br />
e modos de vinculação com a natureza. Esta irrupção significa a perda da<br />
“territorialidade política” dos povos indígenas do continente e da soberania<br />
sobre seus territórios e inaugurou um ciclo de extensa duração histórica.<br />
Não foi só a maquinaria bélica que ajudou a ocupação europeia do<br />
continente e o despovoamento de seus históricos habitantes, mas também<br />
a carga de doenças que os europeus trouxeram consigo e que dizimaram<br />
gravemente as populações originárias. À introdução de novas doenças,<br />
como a varíola, o sarampo, o tifo, a febre amarela e a malária, se somou a<br />
submissão a trabalhos forçados e a castigos desumanos. Denevan (1976)<br />
estima que na época dos primeiros contatos com europeus viviam<br />
57,3 milhões de indígenas em todo o continente, dos quais 47 milhões<br />
habitavam nos países hoje denominados latino-americanos. No entanto,<br />
estima-se que 130 anos depois essa população havia diminuído em 90%<br />
e que a população indígena do Caribe quase foi exterminada em menos<br />
de meio século.<br />
À ocupação justificada no conceito de terra nullius (literalmente, “terra<br />
de ninguém”, isto é, ausência de população ou territórios habitados por<br />
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