cepal-desafios
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CEPAL 2014<br />
(e negociar) os acordos que garantirão sua continuidade como povos.<br />
Igualmente implica a obrigação dos Estados de negociar com uma<br />
entidade coletiva possuidora de direitos preexistentes à sua criação.<br />
A autonomia, como expressão da livre determinação, permite adotar<br />
decisões e instituir práticas próprias relacionadas com a cosmovisão,<br />
território indígena, terra, recursos naturais, organização sociopolítica,<br />
administração da justiça, educação, idiomas, saúde, medicina e cultura<br />
dos povos indígenas.<br />
As experiências de autonomia indígena na região respondem a<br />
diversos fatores e contextos herdados da colônia. Por exemplo, os<br />
tratados assinados durante a colonização serviram de referência para o<br />
reconhecimento dos direitos territoriais no caso das Regiões Autônomas<br />
na Nicarágua. A autonomia indígena também se construiu a partir da<br />
reconstituição e fortalecimento de instituições ancestrais dos povos<br />
indígenas. Uma experiência de exercício de autonomia indígena pode<br />
ser observada em Oaxaca (México), onde se reconheceu o município<br />
indígena como espaço jurisdicional para que os povos indígenas exerçam<br />
os direitos autonômicos. Dos 570 municípios de Oaxaca, 418 são regidos<br />
pelo sistema de usos e costumes que está reconhecido na Constituição<br />
Política dos Estados Unidos Mexicanos. A Constituição Política da<br />
Colômbia reconhece igualmente os territórios indígenas como entidades<br />
territoriais políticas e administrativas que dispõem de certa autonomia,<br />
onde as autoridades indígenas exercem funções de governo autônomo.<br />
A delimitação da jurisdição territorial tem sido um eixo central nas<br />
experiências da autonomia indígena na região. A relação dos povos<br />
indígenas com suas terras, territórios e recursos naturais constitui um<br />
elemento essencial do direito à livre determinação; para estes, é fonte<br />
de identidade cultural, conhecimentos e espiritualidade e se relaciona<br />
estreitamente com sua sobrevivência.<br />
Sem dúvida, as reformas constitucionais constituíram o quadro idôneo<br />
para reconhecer e aprofundar os processos de autonomia indígena. A<br />
autonomia traduz-se na eleição direta de autoridades, administração de<br />
recursos econômicos e exercício de faculdades legislativas, regulamentares,<br />
fiscalizadoras e executivas, pelos órgãos do governo autônomo no âmbito<br />
de sua jurisdição. É aqui onde as brechas continuam se expressando<br />
em maior ou menor grau em todos os países da região. No Estado<br />
Plurinacional da Bolívia, através da plurinacionalidade os povos indígenas<br />
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