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CEPAL 2014<br />
Guatemala com o movimento político Winaq (iniciado em 2007), ou<br />
procedimentos legais definidos pelas instâncias eleitorais, como o recente<br />
caso do Movimento Alternativo Indígena e Social (MAIS) na Colômbia.<br />
A dimensão coletiva do direito à participação eleitoral incorporouse<br />
através das demandas de respeito aos usos e costumes, que, embora<br />
tenha tido mais respostas em eleições locais, não esteve ausente do<br />
debate nas eleições nacionais. No caso Yatama versus Nicarágua, a<br />
Corte Interamericana de Direitos Humanos reconheceu o direito dos<br />
povos indígenas a participar na vida pública geral do Estado, incluindo<br />
um elemento coletivo que exige dos Estados a adoção de medidas<br />
especiais para garantir a participação efetiva, baseada nos valores,<br />
usos e costumes dos povos indígenas, dentro das estruturas políticas e<br />
instituições do Estado.<br />
Quanto às medidas para aumentar a participação política das mulheres<br />
indígenas, valoriza-se a definição de cotas. No entanto, é necessário que<br />
sejam complementadas com outras medidas de ação afirmativa específica<br />
para povos indígenas; junto com isso, são necessários avanços em medidas<br />
ativas para reduzir os efeitos negativos de fatores estruturais que põem em<br />
maior desvantagem as mulheres indígenas.<br />
É interessante assinalar que nos processos de fortalecimento das<br />
autonomias indígenas começou-se a considerar de maneira enérgica a<br />
participação política das mulheres indígenas, como ilustram os casos da<br />
Nicarágua e Panamá. Na Nicarágua, a escassa participação política das<br />
mulheres nos governos autônomos impulsionou a aprovação de uma<br />
política regional de igualdade de gênero que contém medidas para o<br />
empoderamento das mulheres, e a Lei Nacional de Cotas estabelece que<br />
50% dos candidatos devem ser mulheres, ordenadas de forma equitativa<br />
e alternada em cada circunscrição. Como resultado, em somente dois<br />
períodos de eleições regionais passou-se de 4% a 50% de mulheres no<br />
Conselho Regional Autônomo Atlântico Norte. Na comarca indígena<br />
de Kuna Yala, no Panamá, o Congresso Geral Kuna (CGK) é a máxima<br />
autoridade. A comarca é dirigida por três caciques gerais que são eleitos<br />
pelo CGK; este é composto pelos congressos locais de 49 comunidades<br />
através de seus 49 “sailas” (líderes) em representação de suas comunidades.<br />
Cada comunidade tem a obrigação de incluir uma mulher em sua<br />
delegação. Algumas já ocuparam cargos na hierarquia da comarca, na<br />
presidência do Congresso Emberá-Wounaan e como caciques.<br />
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