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Os Povos Indígenas na América Latina • Síntese<br />
jovens, quando começam a inserir-se no mercado de trabalho e a tomar<br />
decisões sobre sua vida reprodutiva.<br />
As políticas e ações do Estado não podem eludir que o acesso à<br />
educação e informação impacta as decisões e a autonomia da mulher<br />
indígena, bem como outros aspectos de seu bem-estar e de seu grupo<br />
familiar. Ademais, a discriminação estrutural que afeta os povos e<br />
mulheres indígenas se manifesta nos sistemas educativos de diversas<br />
formas e em vários níveis: oferta de serviços muito abaixo dos mínimos<br />
recomendados em comparação com os proporcionados a outros<br />
setores da população, dificuldades de acesso geográfico, infraestrutura<br />
deficiente, ausência de políticas educacionais culturalmente adequadas<br />
e falta de mecanismos de participação efetiva das comunidades nos<br />
projetos e processos de ensino e aprendizagem.<br />
Os papéis e funções atribuídos às mulheres indígenas em<br />
determinados contextos mais tradicionais também condicionam o acesso<br />
e a permanência no sistema educativo. É preciso analisar de maneira<br />
pormenorizada a forma como estes aspectos influenciam o acesso e a<br />
qualidade educativa das jovens e mulheres indígenas, em cada contexto<br />
socioterritorial (CEPAL, 2013c). O outro lado dos avanços no plano da<br />
escolarização é a perda de aspectos centrais na vida dos povos indígenas<br />
como o idioma. A posse de uma língua própria é um direito e constitui<br />
parte essencial da identidade étnica de todo povo (Mecanismo de<br />
Peritos sobre os Direitos dos Povos Indígenas, 2010), sendo uma das<br />
reivindicações cardinais das organizações indígenas. O direito a praticála<br />
é coerente com o desejo de manter viva a cultura à qual se pertence<br />
e representa um pilar fundamental da identidade, um canal que facilita<br />
a continuidade dos povos.<br />
Os dados censitários permitem aprofundar esta matéria, pois a<br />
maioria dos países da região incluiu perguntas a esse respeito junto<br />
com as de autoidentificação. Alguns resultados permitem constatar que<br />
em muitos povos a preservação das línguas indígenas é muito intensa<br />
dentro dos territórios, mas fora deles uma pequena proporção de jovens<br />
a mantém. Em outros casos, a perda do idioma é um fato grave, tanto<br />
dentro como fora dos espaços territoriais próprios, e alguns povos<br />
indígenas estão experimentando uma tendência à rápida extinção de<br />
suas línguas.<br />
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