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Os Povos Indígenas na América Latina • Síntese<br />
do Estado. Registra-se um maior uso de recursos administrativos e legais<br />
para obrigar o Estado a cumprir suas obrigações, e até apelam para as<br />
instâncias eleitorais, para que se pronunciem sobre os direitos indígenas<br />
no âmbito do direito à livre determinação. Também há organizações<br />
indígenas que apostam na promoção de mudanças estruturais “de dentro”<br />
dos Estados e, portanto, estão participando em processos eleitorais desde<br />
o âmbito local até o nacional e assumem cargos nos diversos poderes<br />
do Estado, tal como se descreveu no capítulo anterior.<br />
No caso das mulheres indígenas a situação ainda é complexa.<br />
Apesar do discurso da complementaridade e dualidade indígena, salvo<br />
muito poucas exceções, prevalecem práticas de exclusão e falta de<br />
reconhecimento de suas contribuições nos processos organizacionais<br />
e políticos de seus povos. Observa-se uma clara divisão de gênero em<br />
termos de tarefas políticas e organizacionais: mais mulheres nas bases, nos<br />
levantamentos, nos processos organizacionais, em trabalhos comunitários<br />
como os mutirões e nos processos globais e regionais; mas ainda há poucas<br />
mulheres e jovens nos cargos dirigentes e nos processos de tomada de<br />
decisões. As dificuldades para a participação respondem a um duplo arco<br />
de barreiras: a discriminação e o racismo estrutural que sofrem como<br />
indígenas e o patriarcado que experimentam como mulheres. Também se<br />
observam na região interessantes processos organizacionais da juventude<br />
indígena no âmbito local, nacional e sub-regional.<br />
O fortalecimento dos processos organizacionais indígenas em níveis<br />
sub-regionais permitiu sua articulação numa plataforma regional unitária,<br />
denominada Fórum Indígena de Abya Yala, criado como uma instância<br />
de articulação das organizações regionais e sub-regionais. Como tal,<br />
realizou reuniões abordando a preparação regional para a Conferência<br />
das Partes (CP) em Cancún, o processo Rio+20 e a Conferência Mundial<br />
sobre os Povos Indígenas, que terá lugar em 2014. O Fórum Indígena de<br />
Abya Yala é constituído por três organizações territoriais sub-regionais,<br />
duas organizações ambientais, uma organização sub-regional de<br />
mulheres e uma organização continental de mulheres indígenas. Foram<br />
convidados em algumas ocasiões como observadores o Conselho<br />
Internacional dos Tratados Indígenas (CITI), o Fórum Internacional das<br />
Mulheres Indígenas (FIMI), as redes de jovens indígenas e o Conselho<br />
Continental do Povo Guarani. Outro mecanismo de coordenação das<br />
organizações é a realização de fóruns temáticos regionais e cúpulas<br />
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