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Os Povos Indígenas na América Latina • Síntese<br />

dos mecanismos do Sistema Interamericano de Direitos Humanos,<br />

participando em audiências ante a Comissão Interamericana de Direitos<br />

Humanos e, quando possível, apresentando alguns casos à Corte<br />

Interamericana de Direitos Humanos. Por último, através de diversas<br />

instâncias, as organizações indígenas participam do Fundo para o<br />

Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe<br />

e nos diferentes espaços de integração regional, como a Comunidade<br />

Andina (CAN), o Mercado Comum do Sul (Mercosul), o Parlamento<br />

Centro-Americano, o Parlamento Indígena da América e a Comunidade<br />

de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).<br />

F. Desenvolvimento, bem viver e livre determinação<br />

Ao longo de um processo que contou com o protagonismo das Nações<br />

Unidas, nos últimos anos passou-se de entender o desenvolvimento<br />

como um problema de natureza econômica a conceitualizá-lo como um<br />

direito humano. Não obstante o avanço que a concepção e a medição do<br />

desenvolvimento tiveram desde 1949 até sua atual compreensão como<br />

um direito e um processo de ampliação de liberdades e opções, sob a<br />

perspectiva dos povos indígenas o conceito e, sobretudo, sua prática<br />

são deficientes em aspectos essenciais, como, por exemplo, a relação<br />

com a natureza.<br />

O paradigma do desenvolvimento continua carregando uma série<br />

de lastros e deficiências que seriam parte de sua própria essência,<br />

como o aumento das desigualdades, a homogeneização cultural e a<br />

degradação ambiental. Disso derivam as limitações desta categoria<br />

para enquadrar o debate sobre o bem-estar e a concretização dos<br />

direitos dos povos indígenas. Os povos indígenas padeceram de forma<br />

direta tais deficiências, pois foram vítimas dos diversos modelos de<br />

desenvolvimento em voga durante as últimas décadas.<br />

Na primeira década do século XXI, e no contexto da crítica ao<br />

paradigma do desenvolvimento, sob a perspectiva mais vivencial do<br />

mundo indígena foram se concretizando um discurso e um conceito<br />

alternativos que se resumem no sumak kawsay (em kichwa), suma<br />

qamaña (em aimara), ñandereco (vida harmoniosa, em guarani), qhapaj<br />

ñan (caminho ou vida nobre, em quíchua) —que inclui princípios<br />

de vida como o ayni, minka, reciprocidade, solidariedade, respeito,<br />

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