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Os Povos Indígenas na América Latina • Síntese<br />
questionários consideram as seguintes variáveis: a terra e seus recursos;<br />
acesso à justiça; oferta e características dos serviços de saúde e educação<br />
(inclusive aspectos interculturais e indígenas), conhecimento e práticas<br />
ancestrais. Sem dúvida, trata-se de três valiosas experiências que merecem<br />
ser integradas na definição e acompanhamento de políticas tendentes a<br />
melhorar a aplicação dos direitos dos povos indígenas. Lamentavelmente,<br />
até o presente não se observa na região um aproveitamento real do uso<br />
desta informação, sem prejuízo de que o fortalecimento das capacidades<br />
nacionais para utilizá-la —dos funcionários do Estado e organizações<br />
indígenas— seja um dos âmbitos onde também é preciso redobrar<br />
esforços na região. No caso da Argentina, relacionado com o processo<br />
censitário, realizou-se em 2004-2005 uma Pesquisa Complementar de<br />
Povos Indígenas em formato de amostra, para que fosse representativa dos<br />
diferentes povos indígenas do país, tanto em zonas urbanas como rurais.<br />
Finalmente, é preciso assinalar que os sistemas estatísticos são<br />
construídos sobre quadros conceituais que respondem à cultura<br />
hegemônica. Os processos de transformação para democracias<br />
multiculturais implicarão uma reformulação desses sistemas oficiais<br />
de informação, não só de seu conteúdo, mas também de seu controle<br />
e gestão, inclusive o reconhecimento dos sistemas de informação dos<br />
povos indígenas. Quanto ao conteúdo, o paradigma do bem viver impõe<br />
<strong>desafios</strong> importantes em termos das medições estatísticas. Uma proposta<br />
que surgiu na região em 2006, promovida pelas organizações dos povos<br />
indígenas da região, é a definição de indicadores estruturais, de processo<br />
e de resultados, nos temas centrais que definem o “bem-estar” dos povos<br />
indígenas, a saber: (i) terra e territórios; (ii) patrimônio natural e cultural<br />
coletivo; (iii) formas de organização social; (iv) identidade (coletiva e de<br />
gênero); (v) livre determinação; (vi) modelos de autonomia e autogoverno;<br />
(vii) relações interculturais, e (viii) grau ou nível de bem-estar. Cada um<br />
desses âmbitos é definido segundo as epistemologias indígenas.<br />
C. Direito à comunicação: do acesso às tecnologias da<br />
informação e comunicação ao desenvolvimento de<br />
seus próprios meios<br />
Os órgãos das Nações Unidas especializados em direitos humanos<br />
assinalam que o acesso à Internet é essencial numa sociedade<br />
verdadeiramente democrática para facilitar o desfrute do direito à<br />
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