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CEPAL 2014<br />
corpo da mulher e da saúde em geral. Embora as crenças culturais sejam<br />
dinâmicas, uma prática tradicional nunca é simplesmente substituída<br />
por uma moderna, mas adquire novos significados como resultado da<br />
“acomodação” à matriz cultural e base de conhecimentos existente<br />
(CEPAL/OPS/UNFPA, 2010). Assim, é essencial a compreensão destas<br />
matrizes, crenças e percepções para que os programas sejam eficazes.<br />
Por outro lado, vários estudos e diagnósticos, alguns impulsionados<br />
pelas próprias organizações de mulheres indígenas, constataram a<br />
baixa qualidade dos serviços, além das práticas discriminatórias e a<br />
falta de adequação cultural. Cabe mencionar a respeito os diagnósticos<br />
realizados no Estado Plurinacional da Bolívia, Equador e Peru no âmbito<br />
do projeto “Mulher Indígena: Saúde e Direitos”, promovido pelo Fundo<br />
de População das Nações Unidas (UNFPA) para apoiar os governos<br />
de cinco países da região, onde as mulheres indígenas dos três países<br />
mencionados identificaram os principais <strong>desafios</strong> e oportunidades e<br />
estabeleceram as linhas prioritárias de ação quanto à sua saúde e direitos,<br />
incluindo os reprodutivos e sexuais.<br />
Maternidade em idade precoce<br />
Com relação à maternidade em idade precoce das jovens indígenas de<br />
15 a 19 anos, observou-se uma diminuição na maioria dos países, com<br />
exceção do Equador. As maiores reduções foram registradas na Costa<br />
Rica, México, Panamá e República Bolivariana da Venezuela. Não<br />
obstante, em 15 países com dados disponíveis a percentagem de jovens<br />
mães é sustentadamente maior entre as indígenas, numa faixa que oscila<br />
desde quase 12% no Uruguai até 31% no Panamá. As maiores diferenças<br />
étnicas ocorrem, em ordem de importância, no Panamá, Costa Rica,<br />
República Bolivariana da Venezuela, Brasil e Paraguai, países onde a<br />
maternidade adolescente indígena duplica com folga a não indígena.<br />
No Estado Plurinacional da Bolívia, Equador e Peru estas diferenças são<br />
menos acentuadas.<br />
As cifras permitem constatar o efeito redutor na maternidade<br />
adolescente quando aumentam os anos de escolaridade formal das<br />
jovens indígenas. Contudo, em vários países, mesmo levando em conta<br />
os níveis educativos, a maternidade indígena é sempre mais elevada que<br />
a não indígena. Estão bastante documentados na região os problemas de<br />
acesso das mulheres e jovens indígenas devido a fatores econômicos e<br />
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