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Os Povos Indígenas na América Latina • Síntese<br />
e minerais medicinais, bem como os espaços territoriais de interesse<br />
vital na saúde, doença e sanidade, o que gera um vínculo indissolúvel<br />
com os direitos territoriais; v) o direito à participação política remete<br />
à participação efetiva na formulação e controle social (recursos) das<br />
políticas e programas de saúde que os afetam (Nações Unidas, 2007).<br />
No continente americano, um antecedente de grande importância<br />
para a região é a Iniciativa de Saúde dos Povos Indígenas, da Organização<br />
Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da<br />
Saúde (OMS), que começa em 1993 e propõe: i) a necessidade de<br />
adotar um conceito holístico da saúde; ii) o direito à autodeterminação<br />
dos povos indígenas; iii) o direito à participação sistemática dos povos<br />
indígenas; iv) o respeito e revitalização das culturas indígenas; e v) a<br />
reciprocidade nas relações de diversos atores (OPAS, 1993).<br />
Neste contexto, diferentes órgãos de tratados de direitos humanos<br />
das Nações Unidas formularam numerosas observações sobre a situação<br />
de saúde dos povos indígenas na região, expressando sua preocupação<br />
com os níveis de morbimortalidade mais desfavoráveis, que evidencia<br />
seu dano acumulativo e mais intenso. Em particular, assinalaram-se a<br />
mortalidade materna e infantil, a gravidez não desejada e os abusos<br />
sexuais derivados da violência estrutural; a incidência de doenças<br />
crônicas causadas pela poluição ambiental e as indústrias extrativas; os<br />
problemas de saúde mental que afetam principalmente os jovens, bem<br />
como a falta de acesso e de adequação cultural dos serviços de saúde.<br />
Além disso, o Fórum Permanente para as Questões Indígenas atribui<br />
particular atenção à situação de saúde dos povos indígenas e elaborou<br />
um amplo conjunto de recomendações que ainda não foram aplicadas em<br />
sua totalidade. As agências do sistema das Nações Unidas têm prestado<br />
sistemático apoio aos países da região para efetuar ações tendentes a<br />
fechar as brechas de aplicação do direito à saúde.<br />
A discriminação estrutural que afeta os povos indígenas, o<br />
empobrecimento derivado da desapropriação sistemática de seus territórios<br />
e perda das formas de vida tradicionais, os obstáculos para a participação<br />
política e o racismo institucionalizado exercem um forte impacto negativo<br />
sobre a saúde dos povos e pessoas indígenas. A informação, apesar de<br />
insuficiente e fragmentada, permite constatar que o perfil epidemiológico<br />
dos povos indígenas se destaca por seu caráter polarizado e prolongado,<br />
onde se superpõem diversas etapas da transição epidemiológica, com a<br />
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