cepal-desafios
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CEPAL 2014<br />
afeta os povos indígenas de maneira desproporcional (Fórum Permanente<br />
para as Questões Indígenas, 2014). O câncer do colo do útero é outra das<br />
preocupações crescentes na agenda de saúde das mulheres indígenas.<br />
Alguns estudos mostram que a morbimortalidade por esse tipo de câncer é<br />
alta e se considera que não recebeu a devida atenção por parte dos diversos<br />
setores, posto que a “maternalização” da saúde das mulheres invisibiliza<br />
este problema, que é totalmente prevenível se for detectado a tempo.<br />
Paralelamente, aumenta a preocupação com os impactos negativos<br />
sobre a saúde em geral, e a das mulheres, crianças e jovens em particular,<br />
do uso de substancias químicas ligadas à agroindústria, as indústrias<br />
extrativas e a poluição ambiental dos territórios indígenas. Por exemplo,<br />
no período 2004-2006 o Ministério da Saúde do Chile registrou altas taxas<br />
de câncer de estômago no norte do país, em algumas áreas de exploração<br />
de minerais, mas não se aprofundou o estudo das relações causais a fim<br />
de formular políticas de prevenção eficazes. Lamentavelmente, os países<br />
da região não dispõem de dados sistemáticos sobre este tema.<br />
Quanto à resposta dos Estados, cabe assinalar que o direito à saúde<br />
dos povos indígenas como coletivos diferenciados está consagrado nas<br />
constituições do Estado Plurinacional da Bolívia, Equador, México e<br />
República Bolivariana da Venezuela. A Nicarágua reconhece o direito<br />
de autonomia dos povos indígenas e comunidades étnicas no Caribe,<br />
formando regiões autônomas, que têm entre suas competências a<br />
administração da saúde, assegurando a articulação com a medicina<br />
tradicional indígena. Na prática, 17 países da região têm alguma<br />
instituição estatal com o mandato específico de gerenciar a saúde<br />
intercultural. Tais instâncias são vice-ministérios, direções nacionais,<br />
programas de saúde intercultural de ministérios da saúde, comissões<br />
nacionais de assuntos indígenas e comissões regionais de saúde em<br />
regiões autônomas, observando-se heterogeneidade nas hierarquias<br />
institucionais e disponibilidade de recursos.<br />
A grande maioria dos países da região conta com legislações que<br />
apresentam diferentes enfoques, ênfases e particularidades que vão desde o<br />
reconhecimento do direito à saúde como um bem individual, mencionando<br />
os povos indígenas como grupos prioritários, até outras que reconhecem<br />
e promovem os direitos coletivos e as medicinas tradicionais, como<br />
sucede no caso do Estado Plurinacional da Bolívia. Os povos indígenas<br />
estão elaborando propostas concretas, como a criação de um programa<br />
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