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CEPAL 2014<br />
CEPAL/UNICEF (2012), no período 2000-2005 cerca de 63% das crianças<br />
da região sofriam de algum tipo de privação, situação que era mais<br />
grave entre as crianças indígenas (88%). Estas cifras não só expressam<br />
uma flagrante violação dos direitos da infância à luz dos padrões<br />
internacionais, mas também significam um alto custo para a sociedade<br />
em termos de capital humano e inclusão social. Se considerarmos<br />
que os povos indígenas têm estruturas populacionais ainda jovens, as<br />
brechas profundas implicam situações críticas para sua sobrevivência<br />
física e cultural.<br />
A situação da infância indígena a respeito do direito à educação,<br />
crucial nesta etapa do ciclo de vida, é analisada em detalhes na seção D<br />
deste capítulo. Aqui enfatizamos os impactos da discriminação e<br />
violência estrutural e institucional sobre a saúde das crianças indígenas.<br />
O capítulo III, sobre direitos territoriais, apresenta as desigualdades em<br />
matéria de desnutrição crônica e global em detrimento das crianças<br />
indígenas: as cifras refletem que as atividades realizadas são insuficientes.<br />
Outro indicador que expressa de modo muito direto as iniquidades é<br />
o da mortalidade infantil (aquela que ocorre antes do primeiro ano de<br />
vida) e o da mortalidade na infância (antes dos cinco anos), considerando<br />
neste último caso que a maioria das mortes é evitável.<br />
Os censos da década de 2010 e as últimas pesquisas disponíveis<br />
indicam que a mortalidade infantil indígena continua sendo<br />
sistematicamente mais elevada que a não indígena e que os países<br />
estão longe de alcançar a igualdade, com exceção da Costa Rica. As<br />
maiores desigualdades ocorrem no Panamá e Peru, onde a mortalidade<br />
infantil indígena triplica a não indígena, e no Estado Plurinacional da<br />
Bolívia, onde é mais do dobro. Estas desigualdades se estendem tanto<br />
ao âmbito urbano como ao rural e em geral são maiores nas áreas rurais,<br />
independentemente do nível de mortalidade. O comportamento da<br />
mortalidade na infância é similar. Por um lado, Costa Rica e Uruguai<br />
apresentam as cifras mais baixas de mortalidade de crianças indígenas<br />
na região, com 11,5 e 15,8 por mil nascidos vivos, respectivamente; no<br />
outro extremo se situam Panamá e Guatemala, com 46,4 e 55 por mil<br />
nascidos vivos, respectivamente; a situação mais dramática é a do Estado<br />
Plurinacional da Bolívia, onde 77 crianças indígenas de cada 1.000<br />
que nascem morrem antes de completar cinco anos de idade (veja o<br />
gráfico IV.1). A situação nas cidades é um pouco melhor que nas áreas<br />
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