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Os Povos Indígenas na América Latina • Síntese<br />
marginalização, se somam outras situações de decomposição social,<br />
como o alcoolismo, abuso de drogas, depressão e suicídio, em especial<br />
entre os jovens. Em 2003, o Fórum Permanente para as Questões<br />
Indígenas chamava a atenção para a elevada taxa de doenças mentais e<br />
a elevada incidência de suicídios nas comunidades indígenas, sobretudo<br />
em adolescentes e jovens. Há vários anos observam-se na região cifras<br />
alarmantes no número de suicídios de crianças, adolescentes e jovens<br />
indígenas na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Nicarágua, Paraguai<br />
e República Bolivariana da Venezuela.<br />
A título ilustrativo, enquanto a população indígena representa 0,4%<br />
dos habitantes do Brasil segundo o censo de 2010, os suicídios indígenas<br />
representaram 1% do total de suicídios do país no período 2008-2012.<br />
No estado do Amazonas, as pessoas indígenas representam 4,9% da<br />
população total, mas os suicídios indígenas representam 20,9%; no estado<br />
do Mato Grosso do Sul, a população indígena corresponde a 2,9% do<br />
total, mas no total de suicídios as pessoas indígenas representam 19,9%.<br />
Em Mato Grosso do Sul, cerca de metade dos suicídios corresponde a<br />
jovens, enquanto nos 13 municípios com maior número de casos de<br />
suicídios indígenas, de 56% a 78% ocorrem em jovens, um resultado<br />
mais que alarmante (Waiselfisz, 2014).<br />
Embora existam diversas situações segundo os contextos<br />
socioterritoriais de cada povo, a mortalidade por suicídio sistematicamente<br />
mais alta nas pessoas indígenas em relação às não indígenas sugere, por<br />
um lado, que compartilham uma série de determinantes sociais (como<br />
a etnia, pobreza e discriminação) que interatuam com um aumento dos<br />
fatores estressantes por pressões externas e internas nas comunidades. Se<br />
a isso acrescentarmos a crescente perda dos mecanismos de organização<br />
comunitários, as aceleradas mudanças culturais e uma entrada na<br />
modernidade sem controle cultural, podemos entender por que e como<br />
o suicídio ocorre de forma desproporcional nos jovens indígenas.<br />
A vigência dos direitos sexuais e reprodutivos constitui outro<br />
dos grandes <strong>desafios</strong> a serem enfrentados pela região, cujas brechas<br />
de aplicação afetam mais as mulheres indígenas, incluindo crianças,<br />
adolescentes e jovens. Os parágrafos seguintes aprofundam alguns<br />
aspectos relativos a este âmbito, destacando-se aqui que o vírus da<br />
imunodeficiência humana (HIV) é motivo de grande preocupação, posto<br />
que alguns dados locais (por exemplo, no Brasil e Panamá) indicam que<br />
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