FURB – UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU - SBO

XII CBO – Congresso Brasileiro de Ornitologia
21 a 26 de novembro de 2004
Universidade Regional de Blumenau/SC
FRAGMENTAÇÃO FLORESTAL E PREDAÇÃO DE NINHOS EM REGIÃO
DE MATA ATLÂNTICA NO PLANALTO PAULISTA, SP 1 .
Carlos Ernesto Candia-Gallardo 2 *, Pedro Ferreira Develey 3 e Jean Paul Walter
Metzger 2 .
2. Laboratório de Ecologia da Paisagem e Conservação – IB – USP. Rua do Matão 321, travessa
14, Cidade Universitária. CEP 05508-900, São Paulo, SP, Brasil.
3. Birdlife International – Brazil Programme. Alameda Grécia, 297. CEP 06474-010 Barueri,
SP, Brasil.
* Bolsa Fapesp modalidade Iniciação Científica, processo n o 03/12723-5. Endereço eletrônico:
candiagallardo@yahoo.com.br.
A fragmentação florestal apresenta-se como uma das mais sérias ameaças à
biodiversidade. Diversos trabalhos têm reportado reduções populacionais e extinções
locais de aves florestais em regiões neotropicais em virtude da fragmentação de tais
habitats. Um dos mecanismos que contribuiria em tal depauperamento seria a predação
de ninhos em virtude da fragmentação florestal. Este fenômeno é bem documentado em
regiões de clima temperado, porém com menor número de estudos e pouco suporte
experimental na região neotropical. Neste trabalho, testou-se a relação entre predação
de ninhos artificiais contendo ovos de codorna e tamanho de fragmentos florestais (n =
16), distância da borda, posição dos ninhos (0 m e 1,0 m acima do solo) e abundância de
pequenos mamíferos (potenciais predadores). Foram amostradas duas paisagens
localizadas entre os municípios de Cotia e Ibiúna, SP: uma paisagem fragmentada (31%
de florestas), composta por uma matriz majoritariamente de cultivos de hortaliças, e
uma paisagem florestal adjacente, a Reserva Florestal do Morro Grande (9400 ha). Não
foi encontrada relação entre predação de ninhos e distância da borda, tamanho de
fragmentos florestais, posição dos ninhos ou abundância total de pequenos mamíferos.
No entanto, encontrou-se uma relação positiva entre abundância de Didelphis aurita
(gambá) e predação de ninhos. Assumindo-se que o gambá é um importante predador na
região estudada, aspectos ecológicos da espécie podem explicar a ausência de efeito de
borda na predação de ninhos, bem como a falta de relação entre predação destes e
tamanho de fragmentos na região estudada. Os resultados deste trabalho indicam que, ao
contrário do que é documentado em regiões de clima temperado, importantes
predadores de ninhos na região de estudo não evitam, ou até preferem, ambientes de
interior de mata. Novos estudos devem ser realizados para averiguar se esta hipótese
pode explicar os resultados da maioria dos trabalhos realizados no neotrópico, onde não
tem sido encontrado efeito de borda na predação de ninhos. Para tanto, tais estudos
devem monitorar ninhos naturais, identificar diretamente seus predadores e identificar
os fatores determinantes da abundância de predadores de ninhos.
Palavras-chave: Fragmentação florestal, predação de ninhos, Mata Atlântica.
1. Estudo financiado pela FAPESP, Projeto Temático: “Conservação da Biodiversidade em
Paisagens Fragmentadas no Planalto Paulista”, processo n o 99/05123-4.
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