FURB – UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU - SBO

XII CBO – Congresso Brasileiro de Ornitologia
21 a 26 de novembro de 2004
Universidade Regional de Blumenau/SC
UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO ARBÓREO POR LEPTASTHENURA SETARIA
(FURNARIIDAE) EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA MONTANA NO RIO
GRANDE DO SUL.
Cristian Marcelo Carvalho 1 e Júlio César Bicca-Marques 2
Pós-Graduação em Zoologia – PUCRS. E-mail: cmjoenck@pucrs.br
2 Faculdade de Biociências – PUCRS
A Leptasthenura setaria, grimpeiro, é considerada por diversos autores como
dependente do pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia). No entanto, não existem
dados quantitativos que corroborem esta afirmação e que descrevam como esta espécie
utiliza o espaço arbóreo durante o forrageio. No período de novembro de 2003 a
setembro de 2004, o comportamento do grimpeiro foi estudado em três áreas de mata
com araucária com diferentes graus de intervenção antrópica (conservada, alterada e
plantio), localizadas no município de São Francisco de Paula, no nordeste do Rio
Grande do Sul. Em cada área foi estabelecido uma transecção onde os grimpeiros foram
observados. As observações foram realizadas entre as 6h e 18h através do método
animal-focal com duração de 2 min. (registro pontual a cada 30 s) a cada intervalo de 5
min. Os dados coletados incluíram espécie arbórea forrageada, altura de forrageio e do
espécime arbóreo explorado, estrato arbóreo utilizado, distância de forrageio, n° de
indivíduos forrageando e estruturas vegetais inspecionadas. Obteve-se 808 registros
durante 226 horas de esforço amostral. A maior proporção de registros de forrageio
ocorreu entre as 8 h e 11 h. O forrageio esteve associado à A. angustifolia em 79% dos
registros na área conservada e em 90% na alterada e no plantio. O estrato arbóreo mais
explorado foi o superior (82% dos registros de forrageio=52% porção lateral + 30%
porção central). A média da distância de forrageio foi 85 cm (moda=50 cm) e as
estruturas vegetais forrageadas foram ramos verdes (84%), galhos (8%) e ramos secos
(1%) de A. angustifolia, folhas secas (4%) e frutos (1%; especificamente o epimácio) de
Podocarpus lambertii, além de flores de Piptocarpha axilaris (2%). Os indivíduos
foram observados forrageando solitários (50% dos registros), em pares (39%) e em mais
de dois indivíduos (11%). Este trabalho confirma a existência de uma forte associação
do grimpeiro com o pinheiro-brasileiro e fornece novas informações sobre o seu
comportamento e ecologia.
Palavras-Chave: Leptasthenura setaria, Araucaria angustifolia, forrageamento.
Órgão financiador CNPq, apoio PUCRS e MCT-PUCRS.
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