FURB – UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU - SBO

XII CBO – Congresso Brasileiro de Ornitologia
21 a 26 de novembro de 2004
Universidade Regional de Blumenau/SC
ESTRUTURA TRÓFICA EM COMUNIDADES DE AVES NO CERRADO:
EFEITOS EM ÁREAS PERTURBADAS
José Carlos Motta-Junior & Marco A. M. Granzinolli
Departamento de Ecologia, Instituto de Biociências – Universidade de São Paulo – São Paulo -
SP (e-mail: mottajr@ib.usp.br)
O conceito de guilda é muito útil para comparações de comunidades animais quanto à
sua estrutura e funcionamento. O cerrado é um dos biomas em maior perigo no Brasil.
Assim, numa abordagem preliminar, procedemos a análise de avifaunas em guildas
tróficas gerais entre cerrados com diferentes graus de perturbação ambiental. Áreas mais
alteradas apresentariam desequilíbrios? As áreas consideradas, todas dentro do Bioma
Cerrado foram: Estação Ecológica de Itirapina (SP), 2300ha; Estação Ecológica de
Águas de Santa Bárbara (SP), 2712ha; Parque Florestal Salto e Ponte I, Prata 790ha
(MG); Reserva do campus da Universidade de São Carlos (UFSCar), São Carlos (SP),
290ha. As duas Estações Ecológicas tinham o melhor estado de conservação, com
predomínio de cerrados e campos, enquanto o PFSP era coberto basicamente por
extensos plantios recentes de Pinus com sub-bosque de capins exóticos e poucos
subarbustos nativos, além de pequenas manchas de cerrado, e a UFSCar por cerrados
secundários e campos antrópicos (capins exóticos). Foram utilizados pontos pelo menos
a cada 300m para registro das aves. Cada espécie e seu número total de registros foram
considerados em uma das seguintes categorias de guilda trófica, assim definidas:
Insetívoros – insetos e outros artrópodes; Granívoros – grãos; Frugívoros – frutos;
Nectarívoros – néctar; Carnívoros – vertebrados; Detritívoros – carniça; Onívoros – dois
ou mais tipos de alimentos, em proporções equilibradas. Exceto para os onívoros, em
todos os casos anteriores o item citado faz parte de pelo menos ¾ da dieta As áreas mais
conservadas apresentaram os insetívoros como dominantes (38,2-42,6%), seguidos
pelos onívoros (26,0-30,6%) e granívoros (21,3-23,0%). Por outro lado, as áreas mais
perturbadas, tanto pelo menor tamanho como pela invasão de componentes exóticos
(especialmente capins Brachiaria e Melinis), tiveram clara dominância de aves
granívoras (42,5-59,2%). Frugívoros foram também mais importantes nas Estações
Ecológicas que nas áreas mais perturbadas (3,5-5,2% vs. 1,1-2,4%). Assim, a
simplificação do cerrado, reduzido a capins exóticos e poucas lenhosas, ocasiona
também a simplificação da avifauna, com dominância exagerada de granívoros, como
Volatinia jacarina, Zonotrichia capensis e Columbina talpacoti.
Palavras-Chave: Estrutura trófica, aves, Cerrado.
Órgãos financiadores: FAPESP
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