SUJEITO SABERES E PRÁTICAS SOCIAIS
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Musa divina, inspiração bela.<br />
A terra e o rio certificam que a poesia do lugar é subjacente à<br />
natureza. Um dos motivos pelo qual o mito procura o efeito da natureza é<br />
o de ligar os homens a fenômenos sobrenaturais, a fim de promover a<br />
preservação humana. O apelo ao sobrenatural constitui uma das mais<br />
recorrentes estruturas de explicação contida na narrativa mítica, pois<br />
somente o sobrenatural oferece a certeza de que não há ruptura entre o<br />
mundo dos vivos e dos mortos. Mircea Eliade (1991) apresenta o fato de<br />
que, todos os mitos são histórias sobre entes sobrenaturais, por isso a<br />
narrativa mítica apresenta uma configuração divina.<br />
Vejamos como João Cordeiro e Jacinto de Vital elucidam a respeito<br />
do conteúdo divinatório da poesia:<br />
Poesia é divina, sem nenhuma dúvida ela é divina, porque ela aparece para<br />
pessoas que às vezes não sabe nem assinar o nome, e quantas pessoas de<br />
alto nível de cultura não sabem nem fazer uma estrofe. (João Cordeiro)<br />
Ser poeta, o dom da poesia é divino. Ninguém aprende a ser poeta.<br />
Ninguém! Aprende a aperfeiçoar, mas ser poeta não depende de estudo, é<br />
um saber divino. Quando ele nasce já traz. (Jacinto de Vital)<br />
O conteúdo divinatório confere aos protagonistas ancestrais o<br />
caráter de sacralidade e aos da atualidade, o caráter de imortalidade. Sendo<br />
a capacidade dos poetas superestimada, repetida e rememorada, eles<br />
ganham, juntamente com seus versos, características que extrapolam as dos<br />
homens comuns:<br />
Você veja o poeta Antônio Pereira, ele era<br />
analfabeto de pai e mãe, nunca leu nem escreveu<br />
nada, e ele disse assim:<br />
Saudade é como um parafuso<br />
Que quando na rosca cai