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SUJEITO SABERES E PRÁTICAS SOCIAIS

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144<br />

Musa divina, inspiração bela.<br />

A terra e o rio certificam que a poesia do lugar é subjacente à<br />

natureza. Um dos motivos pelo qual o mito procura o efeito da natureza é<br />

o de ligar os homens a fenômenos sobrenaturais, a fim de promover a<br />

preservação humana. O apelo ao sobrenatural constitui uma das mais<br />

recorrentes estruturas de explicação contida na narrativa mítica, pois<br />

somente o sobrenatural oferece a certeza de que não há ruptura entre o<br />

mundo dos vivos e dos mortos. Mircea Eliade (1991) apresenta o fato de<br />

que, todos os mitos são histórias sobre entes sobrenaturais, por isso a<br />

narrativa mítica apresenta uma configuração divina.<br />

Vejamos como João Cordeiro e Jacinto de Vital elucidam a respeito<br />

do conteúdo divinatório da poesia:<br />

Poesia é divina, sem nenhuma dúvida ela é divina, porque ela aparece para<br />

pessoas que às vezes não sabe nem assinar o nome, e quantas pessoas de<br />

alto nível de cultura não sabem nem fazer uma estrofe. (João Cordeiro)<br />

Ser poeta, o dom da poesia é divino. Ninguém aprende a ser poeta.<br />

Ninguém! Aprende a aperfeiçoar, mas ser poeta não depende de estudo, é<br />

um saber divino. Quando ele nasce já traz. (Jacinto de Vital)<br />

O conteúdo divinatório confere aos protagonistas ancestrais o<br />

caráter de sacralidade e aos da atualidade, o caráter de imortalidade. Sendo<br />

a capacidade dos poetas superestimada, repetida e rememorada, eles<br />

ganham, juntamente com seus versos, características que extrapolam as dos<br />

homens comuns:<br />

Você veja o poeta Antônio Pereira, ele era<br />

analfabeto de pai e mãe, nunca leu nem escreveu<br />

nada, e ele disse assim:<br />

Saudade é como um parafuso<br />

Que quando na rosca cai

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