10.09.2015 Views

SUJEITO SABERES E PRÁTICAS SOCIAIS

download PDF book

download PDF book

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

178<br />

antiga na história da humanidade. Foi somente a partir do século XVII que<br />

começaram a se registrar escritos e práticas que retratavam alguma<br />

preocupação moral e pedagógica com o cuidado e a educação das crianças.<br />

O interesse ou a indiferença com relação à criança não são<br />

realmente característica desse ou daquele período da história. As duas<br />

atitudes coexistem no seio de uma mesma sociedade, uma prevalecendo<br />

sobre a outra em determinado momento por “motivos culturais e sociais”<br />

que nem sempre é fácil distinguir (GÉLIS, 1995, p. 328).<br />

Uma das primeiras manifestações, a partir das quais foi constatado<br />

um “sentimento de infância”, foi o encantamento dos adultos com os<br />

gracejos das crianças. Áries (1981), a partir da análise de escritos (diários e<br />

cartas) que se revelaram para os historiadores sociais como fontes de<br />

pesquisa para a reconstituição da vida cotidiana do passado, mostra que o<br />

deslumbramento com as crianças tornou-se um valor social a ser exibido,<br />

adquiriu status de prestígio.<br />

Gradativamente, foi instalando-se a necessidade de diferenciar a vida<br />

dos adultos e das crianças, assim como dar a elas tempo e estímulos que<br />

requeriam para seu desenvolvimento. Foi preciso admitir que, além de<br />

lento, o crescimento das crianças envolve muito investimento dos adultos;<br />

criar passou a ser sinônimo de educar.<br />

Ao ocupar-se das crianças, foram sendo descobertas suas<br />

necessidades particulares, assim como o fato de que seu “pensamento<br />

funcionava com uma lógica particular” (CORSO, CORSO, 2006, p.189).<br />

As modificações da situação da criança não são resultantes apenas<br />

das transformações que as estruturas familiares sofreram nos séculos<br />

clássicos, mas, também, a indiscutível influência exercida pela Igreja e pelo<br />

Estado. Assim, a afirmação do sentimento da infância, por volta de 1550,<br />

foi acompanhada de toda uma série de disposições legais que respondiam a<br />

preocupações de ordem religiosa e pública, ao mesmo tempo. Conforme<br />

Gélis (1995, p. 328),<br />

Devemos interpretar a afirmação do ‘sentimento da infância’ no século<br />

XVIII – quer dizer, nosso sentimento da infância – como o sintoma de uma

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!