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SUJEITO SABERES E PRÁTICAS SOCIAIS

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linguagem. Dado o caráter infinito da própria transgressão, seu ser é<br />

coextensivo ao próprio limite. Por um lado, o limite só atesta sua existência<br />

originária no momento de sua ultrapassagem, da mesma forma a<br />

transgressão só é transgressão nesse instante de ultrapassagem. Nesse<br />

sentido, a transgressão como experiência limite da linguagem é reveladora<br />

do ser da linguagem, na medida em que revele o limite até o limite de seu<br />

ser, e o faz “reconhecer aí pela primeira vez, a sentir sua verdade positiva<br />

no movimento de sua perda” (FOUCAULT, 1994, p. 237).<br />

A relação entre o limite e a transgressão, no âmbito da linguagem,<br />

não é uma relação de oposição, de negação, ou de pura exterioridade. A<br />

transgressão não é negação nem em um sentido positivo, nem normativo,<br />

tampouco em um sentido dialético como um momento do real que supera<br />

a positividade em direção a uma síntese, mas antes ela é o gesto que toma<br />

distância no centro mesmo do limite, e nessa distância o que a transgressão<br />

faz é afirmar o ser limitado em relação ao ilimitado no qual ela se lança e<br />

nesse movimento ela constitui o seu ser.<br />

Esse momento da linguagem como transgressão Bataille chama de<br />

afirmação não positiva da linguagem, onde o que ela afirma é o ser da<br />

diferença. Esse momento da linguagem será considerado por Foucault<br />

como o espaço por excelência do pensamento crítico, como a possibilidade<br />

mesma da existência de um modo crítico para pensar a existência humana e<br />

a cultura, em que o pensamento pode superar as amarras e os limites da<br />

positividade em direção a uma ontologia fundamental. É nesse espaço da<br />

diferença que o pensamento pode produzir o novo, que Foucault designa<br />

como a filosofia da prova do limite. Nesse movimento, a linguagem não se<br />

refere a nenhum objeto, mas somente a si mesma como ausência plena de<br />

positividade, pois é uma afirmação que não afirma nada. Mas em que<br />

sentido é ainda uma afirmação? Foucault (1994, p. 238) esclarece os termos<br />

em que a afirmação não positiva, também definida por Blanchot como<br />

contestação, pode constituir-se como um pensamento crítico dizendo que<br />

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