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SUJEITO SABERES E PRÁTICAS SOCIAIS

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mas tomem bastante cuidado, hein? (alerta da mãe de Mônica) e doente assim você<br />

não pode ir! Agora fique quietinho enquanto ligo para o médico (advertência da mãe<br />

de Cascão). Esses recortes mostrados no segundo capítulo reforçam o papel<br />

de cuidadora exercido pelas mães de papel. No primeiro enunciado, a<br />

palavra “cuidado” reflete o zelo da mãe para com as crianças, e no<br />

segundo, quando a outra mãe diz para o filho que ele não poderá<br />

comparecer ao compromisso assumido por estar doente, fica demonstrado<br />

o cuidado e a preocupação da genitora com a saúde do filho.<br />

Por não trabalharem fora de casa, essas mulheres quadrinizadas<br />

dedicam tempo integral ao trabalho doméstico e ao cuidado dos filhos. Na<br />

família quadrinizada, a representação de pai provedor e mãe cuidadora<br />

reproduz as relações sociais de gênero cristalizadas no social. Nesse<br />

sentido, podemos identificar, no discurso dos quadrinhos, elementos de<br />

uma memória discursiva sobre gênero: enquanto a atuação da mulher<br />

limita-se ao espaço privado (casa), a atuação masculina é relacionada ao<br />

público (rua). Em apenas uma história, localizamos um deslocamento do<br />

interdiscurso, como o demonstrado na narrativa quadrinizada na qual a<br />

mãe de Mônica tenta realizar uma tarefa profissional em casa. Como o<br />

tempo destinado ao trabalho profissional foi sacrificado em prol dos<br />

cuidados com a casa e com a filha, a esposa pressiona o esposo que leva a<br />

menina para o seu trabalho. Pressionado, o pai assume um pouco para si os<br />

cuidados com a filha. Entretanto, na grande maioria das histórias, é a<br />

relação entre mãe e filho a mais destacada. Ocorre nesse discurso uma<br />

regularidade focalizada na díade filho-mãe. A figura da mãe comparece<br />

mais do que a do pai no cotidiano infantil: é a mãe quem mais educa,<br />

orienta e impõe limites aos filhos. Para essa infância, a figura da mãe é<br />

bastante valorizada, reflexo da importância atribuída ao autor à sua própria<br />

genitora, Dona Petronilha (GUSMAN, 2006).<br />

Os pais das crianças urbanas não participam muito da rotina da<br />

criança, eles estão mais preocupados com o trabalho, com o pagamento de<br />

contas: tantas contas! Vou precisar de uma fábrica de dinheiro pra pagar (fala do pai<br />

de Cascão) e com o sustento da família, mas em algumas histórias é<br />

mostrada a participação dos pais em atividades de lazer junto aos filhos.<br />

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