SUJEITO SABERES E PRÁTICAS SOCIAIS
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à outra e apoiadas de certo modo uma sobre a outra (...)” (HALBWACHS, 1990 p.<br />
33).<br />
Para Michel Pollak (1992), o ato de lembrar é uma das garantias da<br />
identidade. O autor acredita, ainda, que as similitudes têm o papel<br />
fundamental de desenvolver os traços que salvaguardam a imagem que o<br />
grupo adquire para si e como deseja ser visto pelos outros. Halbwachs<br />
observa que isto ocorre para que possam subsistir os traços pelos quais o<br />
grupo se diferencia dos demais.<br />
Entretanto, tal sentimento de continuidade não deve excluir a<br />
relação do grupo com a contemporaneidade. Le Goff (2003) cita os<br />
estudos recentes de Joutard para falar dos resultados de sua pesquisa, em<br />
que percebeu, através dos testemunhos orais, como a memória do passado<br />
coletivo permitiam aos seus atores fazerem face, no presente, a<br />
acontecimentos muito diferentes daqueles que o fundaram, mas sempre<br />
procurando sobrepujar a competência da narrativa que compõe a<br />
identidade.<br />
Destarte, estudos da Antropologia Cultural nos mostram que, na<br />
contemporaneidade, uma das formas pelas quais as identidades<br />
estabelecem suas reivindicações é por meio do apelo aos antecedentes<br />
históricos. A memória é um dos substratos da identidade muito requisitado<br />
atualmente. Em diversos ensaios Stuart Hall (2000) tem examinado<br />
diferentes concepções de identidade cultural, procurando analisar o<br />
processo pelo qual se busca a autenticidade para uma identidade popular<br />
por meio da descoberta de um passado supostamente comum. Clifford<br />
Geertz (2001) denomina este tipo específico de identidade pelo termo<br />
“Identidade Prospectiva” que retrata o tema do ressurgimento de<br />
Identidades com base na memória, na renovação dos valores geracionais,<br />
do saber dos ancestrais e da fidelidade espaço-temporal.<br />
Para Kathryn Woodward (2004), a criação de novas identidades,<br />
evocando origens e mitologias são uma justificativa para a reformulação<br />
do passado, engendrada no contexto social atual/atuante. Nesse sentido, a<br />
autora considera que um argumento sobre o passado pode nos dizer