10.09.2015 Views

SUJEITO SABERES E PRÁTICAS SOCIAIS

download PDF book

download PDF book

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

62<br />

rituais e/ou filiação nas metades cerimoniais Kolti e Kolre; estas representam<br />

grupos de nomes e estão ligadas “a organização da sociedade Apinayé ao<br />

longo das relações e grupos que se dividem e se opõem em termos de<br />

princípios mais gerais”, remetendo “a ordem cósmica e simbólica Apinayé”<br />

(DaMatta, 1971, p. 27).<br />

A amizade formal compõe a esfera cerimonial em meio à<br />

nominação. Sendo o intermediário entre nominador e nominados e a<br />

exemplo dos nominados, os amigos formais também transmitem direitos<br />

de incorporação, mas num segundo par de metades cerimoniais,<br />

Ipognotxóine e Krenotxóine, marcando a posição espacial de cada grupo em<br />

relação à parte considerada como a mais pública (o centro) da aldeia.<br />

DaMatta (1971) deixa claro a existência de uma distinção de grau<br />

que vai dos parentes aos não-parentes decorrente dos códigos das relações<br />

de substância e a produção de gradações, segundo o estado das relações<br />

cerimoniais entre as pessoas. Ao partir da lógica de distinção dos sujeitos<br />

humanos entre si e entre os outros sujeitos humanos ou não-humanos, este<br />

autor antecipa uma questão que hoje é enfrentada pela etnologia indígena:<br />

o caráter construído do parentesco indígena e, por conseguinte, a<br />

concepção de que a consanguinidade se constrói a partir da transformação<br />

da afinidade.<br />

A construção do parentesco<br />

Considerar que não-parentes são transformados em parentes, e que<br />

os termos de parentesco revelam a distinção entre humanos e nãohumanos,<br />

permite atentar para a coextensividade do parentesco com a<br />

humanidade. Assim, é possível um campo de reflexão voltado para as<br />

conexões entre a “construção da pessoa” e a “construção do parentesco”,<br />

possibilitando um diálogo com as contribuições dos estudiosos do HCBP<br />

no que tange aos processos ligados à corporalidade e ao “retorno” do<br />

parentesco ao centro da análise, não como domínio totalizador. Trata-se de<br />

encarar o parentesco no interior da reflexão ameríndia sobre a<br />

consanguinidade e a afinidade, pondo em perspectiva “o quê é um

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!