10.09.2015 Views

SUJEITO SABERES E PRÁTICAS SOCIAIS

download PDF book

download PDF book

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

209<br />

naturalmente. O que observamos cotidianamente é que no campo dos<br />

afetos, tudo tem que ser expresso, vivido e sentido conforme as leis da<br />

produção e do consumo de bens produzidos pelo próprio mercado. Assim,<br />

vivemos paixões que não são nossas, seguimos os caminhos dos outros,<br />

sentimos o que a ilusão permite, vivemos os amores moldados pelos<br />

sentimentos industrializados. Como observou Novaes,<br />

“A racionalidade do mercado traz em si a lógica da dominação dos<br />

sentidos. É uma violação comercial das paixões que transforma o sentido<br />

em não-sentido. O resultado mais imediato é que, no plano individual, a<br />

paixão amorosa, por exemplo, torna-se uma raridade” (Novaes, 2009, p. 9).<br />

Por meio da literatura, estamos tentando quebrar e superar<br />

dicotomias clássicas: razão versus paixão, ciência versus literatura, discurso<br />

versus ação etc. Torna-se também um meio de diminuir a separação entre<br />

Universidade e meio artístico, a partir de um constante diálogo entre<br />

saberes, entre sujeitos e práticas cotidianas enraizadas em um modo de fazer<br />

estagnado.<br />

A leitura apaixonada, a literatura e experiências como essas do<br />

Encontro com autores vêm mostrando que é possível investirmos na<br />

construção de um outro saber capaz de resgatar a condição humana e a<br />

vida que está presa nos territórios fechados das academias, dos discursos<br />

disciplinares e das práticas não comunicantes entre si mesmas.<br />

Torna-se, assim, impossível construirmos uma ciência mais humana<br />

e aberta sem diálogo com as artes e com literatura. Acreditamos que um<br />

pensamento complexo tem essa capacidade de interrogar incessantemente<br />

a realidade e a si mesmo. Ele só pode existir na abertura, na escuta e no<br />

diálogo, uma tentativa de não ficar cego por meio da clareza<br />

(conhecimento), de não monologar consigo mesmo (fechado em alguns<br />

autores, conceitos e disciplina) e de não ficar surdo para as vozes que<br />

cantam ao seu lado.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!