SUJEITO SABERES E PRÁTICAS SOCIAIS
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Para o grupo, o ato de lembrar coletivamente atualiza uma série de<br />
acontecimentos partilhados e vivenciados por todos. Cada vez que as<br />
lembranças são rememoradas, elas contribuem para vivificar a memória<br />
coletiva. Por este motivo, a memória dos pequenos grupos funciona como<br />
alimento da identidade e da renovação das forças sociais.<br />
Se a identidade busca sua fixação pela memória, a poesia de<br />
improviso tende à fixação pelas regras. Mas ambas, memória e poesia,<br />
dependem da linguagem, que tem o dom de escapar à fixação. Para o poeta<br />
que faz poesia de repente, a capacidade de improvisação na produção de<br />
enunciados é sempre uma possibilidade, o que aumenta a amplitude de<br />
suas narrativas.<br />
Considerações Finais<br />
Quando os eventos narrados estão presentes na lembrança dos<br />
atores sociais envolvidos no ato narrativo, a memória adquire o poder de<br />
autonomia sobre o passado. A autonomia é uma conquista que resulta da<br />
luta contra o esquecimento, através da qual a narrativa se torna<br />
instrumento e objeto de poder e a memória coletiva espaço em que todos<br />
estão lutando pela sustentação e pela vida.<br />
Para os poetas de Itapetim, a reconstituição da memória dá-se a<br />
partir das noções de geração e linhagem que norteiam as lembranças do<br />
passado e permitem que elas sejam pensadas a partir de quadros sociais<br />
que antecedem os atores e se cruzam em sua existência.<br />
A narrativa mítica faz parte de um exercício de projeção para o<br />
passado, que visa a determinar uma origem e uma autonomia material e<br />
espiritual para o grupo, adquirindo contorno de imortalidade. Quanto à<br />
natureza mitológica da poesia, esta se funda na ramificação dos troncos<br />
arcaicos, como processo de enraizamento simbólico; e na água disseminada<br />
de um ventre em constante parição. Podemos concluir, ainda, que os<br />
elementos mitopoéticos entremeiam os sentimentos de pertencimento.<br />
Quando a questão da produção de memórias sociais se cruza com a<br />
temática das identidades, notamos que o grupo precisa acreditar que