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SUJEITO SABERES E PRÁTICAS SOCIAIS

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156<br />

Para o grupo, o ato de lembrar coletivamente atualiza uma série de<br />

acontecimentos partilhados e vivenciados por todos. Cada vez que as<br />

lembranças são rememoradas, elas contribuem para vivificar a memória<br />

coletiva. Por este motivo, a memória dos pequenos grupos funciona como<br />

alimento da identidade e da renovação das forças sociais.<br />

Se a identidade busca sua fixação pela memória, a poesia de<br />

improviso tende à fixação pelas regras. Mas ambas, memória e poesia,<br />

dependem da linguagem, que tem o dom de escapar à fixação. Para o poeta<br />

que faz poesia de repente, a capacidade de improvisação na produção de<br />

enunciados é sempre uma possibilidade, o que aumenta a amplitude de<br />

suas narrativas.<br />

Considerações Finais<br />

Quando os eventos narrados estão presentes na lembrança dos<br />

atores sociais envolvidos no ato narrativo, a memória adquire o poder de<br />

autonomia sobre o passado. A autonomia é uma conquista que resulta da<br />

luta contra o esquecimento, através da qual a narrativa se torna<br />

instrumento e objeto de poder e a memória coletiva espaço em que todos<br />

estão lutando pela sustentação e pela vida.<br />

Para os poetas de Itapetim, a reconstituição da memória dá-se a<br />

partir das noções de geração e linhagem que norteiam as lembranças do<br />

passado e permitem que elas sejam pensadas a partir de quadros sociais<br />

que antecedem os atores e se cruzam em sua existência.<br />

A narrativa mítica faz parte de um exercício de projeção para o<br />

passado, que visa a determinar uma origem e uma autonomia material e<br />

espiritual para o grupo, adquirindo contorno de imortalidade. Quanto à<br />

natureza mitológica da poesia, esta se funda na ramificação dos troncos<br />

arcaicos, como processo de enraizamento simbólico; e na água disseminada<br />

de um ventre em constante parição. Podemos concluir, ainda, que os<br />

elementos mitopoéticos entremeiam os sentimentos de pertencimento.<br />

Quando a questão da produção de memórias sociais se cruza com a<br />

temática das identidades, notamos que o grupo precisa acreditar que

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