SUJEITO SABERES E PRÁTICAS SOCIAIS
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para a formação de uma nova visão sobre a ficção como exercício de uma<br />
escritura que se colocaria como experiência limite da linguagem, em que o<br />
pensamento do fora se constituiria como um novo modo de se colocar os<br />
problemas filosóficos, uma nova visão do pensar a partir dessa noção de<br />
ficção.<br />
Dois artigos de Foucault publicados na revista “Critique”, o<br />
primeiro em 1963 em homenagem a Georges Bataille, “Prefácio à<br />
transgressão”, e o segundo publicado em 1966 sobre Maurice Blanchot,<br />
“Pensamento do Fora” são fundamentais para a compreensão do tema do<br />
ser da linguagem e do papel que este exerceu na construção das<br />
perspectivas de Foucault sobre as noções de experiência e acontecimento<br />
para uma história da subjetividade humana articulados em uma arqueologia<br />
e uma genealogia. Segundo Foucault, há na literatura de Bataille uma<br />
experiência com a linguagem designada como experiência da transgressão,<br />
que marca o papel fundamental da linguagem como experiência ontológica<br />
originária do sujeito e dos saberes e práticas a ele associado, estabelecendo<br />
uma maneira nova para se pensar o espaço vazio deixado pela morte de<br />
Deus e pela consequente dissolução do sujeito moderno.<br />
Em torno do pensamento de Nietzsche sobre a morte de Deus,<br />
operado pela modernidade, a partir do século XIX, o pensamento de<br />
Bataille vai se voltar para o fato de que a sexualidade é a linguagem que<br />
consagra essa ausência, marcando a existência humana como experiência<br />
limite, como transgressão de um mundo profanizado, de um mundo sem<br />
Deus; a sexualidade é a linguagem dessa ausência. Dado que a morte de<br />
Deus teria suprimido da existência humana o limite do ilimitado, na qual a<br />
experiência limite se dava sob a lógica do transcendente, a sexualidade<br />
torna-se o ilimitado do limite onde “a morte de Deus não nos restitui a um<br />
mundo limitado e positivo, mas a um mundo que se desencadeia na<br />
experiência do limite, se faz e se desfaz no excesso que a transgride”<br />
(FOUCAULT, 1994, p. 236)<br />
A sexualidade, que Bataille vai chamar o erotismo, é a experiência<br />
do reencontro constante com o limite de qualquer linguagem possível,<br />
dado que é transgressão sempre recomeçada dos limites da própria