SUJEITO SABERES E PRÁTICAS SOCIAIS
download PDF book
download PDF book
- No tags were found...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
77<br />
que Farmer (1997, p. 272-274) definiu como violência estrutural, isto é,<br />
daquilo que o poder político, econômico e institucional causa ao povo e,<br />
reciprocamente, de como essas formas de poder determinam respostas a<br />
problemas sociais. Incluídos sob a categoria de sofrimento social estão<br />
condições que são quase sempre divididas em campos separados e que<br />
envolvem simultaneamente temas de saúde, bem-estar, além de aspectos<br />
legais, morais e religiosos da vida cotidiana. O sofrimento social raramente<br />
está dissociado das ações dos poderosos, e fatores de gênero, etnicidade e<br />
status socioeconômico podem ser, cada qual a seu turno, solicitados a<br />
desempenhar um papel em levar indivíduos e grupos vulneráveis ao<br />
sofrimento humano.<br />
Alguns tipos de sofrimentos adquirem uma espécie de exotização<br />
nas diversas mídias (FARMER, 1997, p. 272), já que os produtores de<br />
notícias e também os leitores estão muito frequentemente distanciadas<br />
espacial, social e culturalmente de alguns deles. Estas circunstâncias,<br />
porém, não ocorrem nas notícias locais. A exotização, no entanto, é uma<br />
técnica jornalística bastante utilizada para gerar interesse sobre notícias<br />
aparentemente banais ou tão frequentes que já não geram curiosidade.<br />
Exotiza-se o texto, o discurso da violência e das experiências de dor e de<br />
sofrimento.<br />
Nestes textos de mídia aparece nitidamente algo que Moore Jr.<br />
(1987, p. 31) chamou de sociedade:<br />
“o termo sociedade diz respeito ao corpo mais amplo de habitantes num<br />
território específico que tem um sentido de identidade comum, vive sob<br />
um conjunto de arranjos sociais distintos e o faz, na maior parte do tempo,<br />
em um nível de conflito que exclui a guerra civil”.<br />
As normas sociais e a ira que elas despertam em não poucos<br />
indivíduos e setores da sociedade, principalmente aquelas em que a norma<br />
é a desigualdade, têm, de acordo com Moore Jr. (1987, p.32), uma origem<br />
dual: tanto de uma pretensa natureza humana inata quanto da dinâmica<br />
social. Chama a atenção de como essa “natureza humana” parece ser