Design, Tecnologia e Linguagem: Interfaces - Universidade ...
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O reaproveitamento de ideias e materiais no design de joias: origem, intertextualidade e sustentabilidade<br />
“a ideia forte que ancora as assemblages diz respeito à concepção de que os objetos díspares<br />
reunidos na obra, ainda que produzam um conjunto outro, não perdem seu sentido primeiro.”<br />
Aproximaremos neste ponto do presente artigo, duas ideias que se complementam:<br />
(a) apropriação e (b) reprodutibilidade. Tais ideias serão aproximadas numa tentativa de<br />
compreender uma consequência destas ideias, a saber: a autoria, uma vez que vem sendo<br />
construída de forma diversa desde o século passado.<br />
O termo apropriação é “empregado pela história e pela crítica de arte para indicar a<br />
incorporação de objetos extra-artísticos, e algumas vezes de outras obras, nos trabalhos de<br />
arte” (Enciclopédia Itaú-Cultural – web). A construção das obras não se dá apenas por meio<br />
de ideias totalmente inovadoras, mas também pela incorporação de outros materiais e ideias<br />
na obra.<br />
Se a obra de arte foi criada tendo por base a apropriação, então, a aferição de<br />
autenticidade fica alterada. Isto porque se desloca a verificação da autenticidade apenas da<br />
matéria empregada, para que se torne relevante a consideração sobre a organização dos<br />
elementos de modo inovador.<br />
Diante disso, o próximo passo é repensar conceitos de autenticidade, autoria e<br />
originalidade na obra de arte, porque se a arte adota elementos do cotidiano, questiona-se o<br />
que é necessário para que uma obra seja considerada como arte. Deixa de ser tão importante<br />
uma técnica específica ou o manejo de materiais típicos da arte (suporte e materiais), ou seja,<br />
a partir da colagem há uma diluição das fronteiras entre pintura e escultura, sendo certo que<br />
a representação passa a ser aceita também por meio do rearranjo de objetos estranhos à<br />
tradicional prática artística até então existente.<br />
Além da apropriação na arte, efetuada pelas vanguardas históricas, há alteração do<br />
modo de produção de imagem a partir da fotografia. Pode-se afirmar que a fotografia libertou<br />
o artista plástico da obrigação com a verossimilhança, permitindo que este explorasse outros<br />
aspectos no trabalho estético.<br />
O termo reprodutibilidade tem ligação com a cópia de algo que foi novo e é analisado<br />
por Walter Benjamin, segundo quem a reprodutibilidade é a possibilidade de reprodução de<br />
uma dada peça. No texto clássico que aborda a obra de arte na era de reprodutibilidade<br />
técnica, o crítico Walter Benjamin (1936-1955) aborda o modo em que a linguagem fotográfica<br />
atinge a obra de arte tradicional. No artigo mencionado, Benjamin defende que obra de arte<br />
sempre foi reprodutível, ou seja, era sempre possível a imitação (BENJAMIN: 1936-1955: 166).<br />
O teórico antes mencionado demonstra, então, que por meio da reprodutibilidade<br />
permitida pela fotografia é perdida a aura da obra de arte, porque não importa mais saber<br />
qual é o original e qual é a cópia, uma vez que é inerente à produção fotográfica a realização<br />
da reprodutibilidade técnica, perdendo a obra a sua aura. Aura para Walter Benjamin “é uma<br />
figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa<br />
distante, por mais perto que ela esteja”. (BENJAMIN: 1936-1955: 166)<br />
<strong>Design</strong>, Arte, Moda e <strong>Tecnologia</strong>.<br />
São Paulo: Rosari, <strong>Universidade</strong> Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp-Bauru, 2010 108