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Design, Tecnologia e Linguagem: Interfaces - Universidade ...

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O reaproveitamento de ideias e materiais no design de joias: origem, intertextualidade e sustentabilidade<br />

Temos então dois “golpes” verificados pela crítica: (1) a apropriação permite que sejam<br />

utilizados quaisquer elementos para a composição de uma obra de arte; (2) a reprodutibilidade<br />

técnica promove uma quebra da aura da obra de arte.<br />

Criações audiovisuais na internet: reaproveitamento imaterial de criações<br />

próprias e alheias<br />

É após os rompimentos verificados nesses cenários que surgem as novas criações,<br />

cuja divulgação encontra na internet um crescimento nunca antes visto. As criações sempre<br />

existiram na sociedade por meio de criação de conteúdo novo ou recriação a partir de<br />

conteúdos anteriormente existente (v.g. paródia e paráfrase); vimos, porém, que a apropriação<br />

abre novas possibilidades aos artistas que passam a utilizar-se como matéria criativa tanto de<br />

suportes ou materiais inusitados, bem como de outras obras de arte.<br />

Esta criação por meio de apropriação de conteúdos outrora abordados pode<br />

ser exemplificada com a linguagem cinematográfica, na qual percebemos o constante<br />

reaproveitamento de temas já explorados. Valendo-se da utilização de novas formas são<br />

retomados assuntos, obras, sob a ótica da atualidade, por exemplo: as refilmagens inúmeras<br />

de ‘Romeu e Julieta’.<br />

O texto “Romeu e Julieta” é uma tragédia escrita entre 1591 e 1595 por William<br />

Shakespeare. O argumento central da peça trata do amor impossível de dois jovens nascidos<br />

no seio de famílias inimigas, que ao desafiar o mundo para manter o seu amor recíproco, são<br />

traídos pelas artimanhas por eles mesmos criadas, cujo desfecho trágico é o duplo suicídio<br />

dos amantes. A ideia do amor impossível já foi tratada no cinema em produções que respeitam<br />

toda a trama trazida por Shakespeare, tais como o dirigido por Franco Zeffirelli em 1968; mas<br />

também há produções nas quais há uma utilização do argumento com uma atualização da<br />

história que pode ser vista no “Romeo + Juliet” – 1996 (EUA) – direção de Baz Luhrmann, bem<br />

como por “Romeu tem que morrer” dirigido por Andrzej Bartkowiak em 2000 nos EUA.<br />

O que pode ser apreciado nos dias atuais, todavia, vai além da utilização de um argumento<br />

para criação de um novo trabalho artístico. A utilização de elementos de vídeo preexistentes<br />

torna-se possível à um número maior de pessoas e não somente por grandes estúdios. Isto<br />

porque a popularização das ferramentas eletrônicas permite a produção de conteúdo por<br />

qualquer usuário. Veja-se que aqui existe uma radicalização da ideia de colagem criada em<br />

1912 por Picasso e Braque, levada adiante nas vanguardas dadaístas. A apropriação, como<br />

vimos, não é nova; a novidade reside na popularização das ferramentas para produção de<br />

uma colagem de elementos imateriais: colagem de bits.<br />

A derivação das vanguardas artísticas dadaístas encontrará aplicação inovadora no<br />

trabalho do escritor William S. Burroughs, que em 1960 por meio da reorganização de seus<br />

próprios filmes cria a técnica cut up, que corresponde a uma edição de imagens, criadas<br />

anteriormente pelo próprio Burroughs, em transição vertiginosa. O trabalho “The Cut-ups”<br />

<strong>Design</strong>, Arte, Moda e <strong>Tecnologia</strong>.<br />

São Paulo: Rosari, <strong>Universidade</strong> Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp-Bauru, 2010 109

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