Design, Tecnologia e Linguagem: Interfaces - Universidade ...
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Um estudo sobre a linguagem da ilustração e o design gráfico<br />
as teorias kantianas e hegelianas. Peirce dedicou-se intensamente à elaboração de categorias<br />
universais à todos os fenômenos. Na base da teoria analítica de Peirce está o Signo, o Objeto<br />
e o Interpretante. O Signo é determinado pelo objeto, e é o que representa o objeto para um<br />
interpretante, por isso mesmo é signo. O Objeto não é sinônimo de coisa, mas, é o que se<br />
presentifica ao interpretante graças á mediação do signo. O interpretante não é o sinônimo<br />
de interpretação, mas o processo inteiro de geração de interpretantes. Assim fica claro na<br />
semiótica Peirciana que é impossível falar de signo sem que haja objeto e interpretante. Existem<br />
ainda, nas categorias de Peirce outra tríade que foram usadas pra distinguir três espécies de<br />
signos ou representações: Ícone, índice e símbolo. O ícone é um signo capaz de representar<br />
seu objeto meramente em função de qualidades que possui, independente da existência ou<br />
não do objeto. O índice é um signo que está existencialmente conectado com um objeto que<br />
é maior do que ele. O símbolo é um signo que funciona como tal objeto, porque é estabelecido<br />
por convenção, usado e entendido como representado. Outra tríade na obra de Peirce referese<br />
ao interpretante como remático, dicente e o interpretante como argumento, que não serão<br />
abordadas aqui. Peirce definiu ainda muitas outras tríades que partem para decomposições<br />
cada vez mais refinadas. Estas classificações são fluídas, sobrepondo-se uma as outras e as<br />
rápidas definições aqui são mais um modo de refrescar a memória de alguns, sendo ideal um<br />
conhecimento prévio para uma compreensão mais profunda dos conceitos.<br />
Foi embasada na semiótica de Peirce que Lúcia Santaella desenvolveu seu modelo de<br />
matrizes híbridas. Segundo seu modelo existem três matrizes da linguagem e do pensamento,<br />
a matriz sonora, a visual e a verbal, sendo elas híbridas. A lógica da matriz verbal por exemplo<br />
não necessariamente precisa estar manifesta em palavras, assim como a lógica da matriz<br />
sonora não necessariamente deva estar manifesta como som. Assim sendo Santaella enfatiza<br />
que:<br />
Quando se trata de linguagens existentes, manifestas, a constatação imediata<br />
é a de que todas as linguagens, uma vez corporificadas, são híbridas. A<br />
lógica das três matrizes e suas 27 modalidades, desdobradas em 81, nos<br />
permite inteligir os processos de hibridização de que as linguagens se<br />
constituem. Na realidade, cada linguagem existente nasce do cruzamento<br />
de algumas submodalidades de uma mesma matriz ou do cruzamento entre<br />
submodalidades de duas ou três matrizes. Quanto mais cruzamentos se<br />
processarem dentro de uma mesma linguagem, mais híbrida ela será. Desse<br />
modo, por exemplo, a linguagem verbal oral, a fala, apresenta fortes traços de<br />
hibridização tanto com a linguagem sonora quanto com a linguagem visual na<br />
gestualidade que a acompanha. (Santaella, 2009B, p.379)<br />
A hibridização acontece de diversas maneiras nas matrizes. No caso da ilustração<br />
inserida na matriz da linguagem visual, podemos pensar na fala de Santaella “A visualidade,<br />
mesmo nas imagens fixas, também é tátil, além de que absorve a lógica da sintaxe, que vem<br />
do domínio sonoro. A verbal é a mais misturada de todas as linguagens, pois absorve a sintaxe<br />
<strong>Design</strong>, Arte, Moda e <strong>Tecnologia</strong>.<br />
São Paulo: Rosari, <strong>Universidade</strong> Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp-Bauru, 2010 70