Design, Tecnologia e Linguagem: Interfaces - Universidade ...
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O reaproveitamento de ideias e materiais no design de joias: origem, intertextualidade e sustentabilidade<br />
pode ser entendido, desta forma, como precursor de outros na área de vídeo, cujo objetivo é<br />
a apresentação de ideias por meio de destruição de narrativas anteriormente existentes.<br />
Nos dias atuais é possível realizar o denominado “remix” (rearranjo ou reorganização<br />
de ideias) com sons e imagens e fazer a divulgação do conteúdo “remixado” pela internet.<br />
Este trabalho apoiado nas ferramentas tecnológicas disponíveis permite a utilização por meio<br />
de recorte de sons e imagens produzidos por outros, a fim de criar obra nova. Não se trata<br />
de interpretação de um argumento literário, por exemplo, com produção por meio de outra<br />
linguagem, mas sim, a utilização da técnica da colagem de sons e imagens anteriormente<br />
existentes para criação de novos significados.<br />
William S. Burroughs no cut up, trabalhou com as suas próprias imagens. Mais tarde,<br />
desde 1980, o grupo Negativland produziu vídeos em que foi feita a edição de imagem e<br />
textos apropriados, ou seja, havia um reaproveitamento de ideias criadas por outras pessoas.<br />
Um dos trabalhos deste grupo Negativland é o vídeo “Gimme The Mermaid” postado<br />
no Youtube. Trata-se de criação realizada a partir de elementos recortados da animação “A<br />
pequena sereia” (em inglês: The Little Mermaid) que é o 28º filme longa-metragem de animação<br />
dos estúdios Disney, lançado em 1989, criado pela adaptação do conto homônimo do escritor<br />
dinamarquês Hans Christian Andersen (autor de “O patinho feio”).<br />
O grupo Negativland poderia ter utilizado apenas o argumento de “A pequena sereia” –<br />
que trata da pequena Ariel filha do rei Tritão que se apaixona por um humano, mas não o fez.<br />
A problemática desta construção artística do grupo mencionado encontra entrave na própria<br />
ideia de apropriação, porque – ousamos repetir – “objetos díspares reunidos na obra, ainda<br />
que produzam um conjunto outro, não perdem seu sentido primeiro”. Por tal razão, os adeptos<br />
de tal técnica de criação podem ser impedidos de se expressar por força de barreiras legais<br />
de proteção de propriedade intelectual, por se tratar de obras derivadas que dependem da<br />
autorização do detentor dos direitos da obra original.<br />
No vídeo “Gimme The Mermaid” vê-se que, no remix, mais importante que a narrativa<br />
são os processos de criação visual. Assim, são deliberadamente afastados os 12 princípios<br />
que a Disney utiliza na animação, a saber: (1) apertar e esticar; (2) antecipação; (3) encenação;<br />
(4) ação contínua quadro a quadro; (5) seguir através de sobreposição e ação; (6) acelerar e<br />
desacelerar; (7) arcos; (8) ação secundária; (9) timing (momento certo de cada ato); (10) exagero;<br />
(11) desenho sólido; (12) carisma. Na verdade, conforme apresentaremos a seguir, muitos<br />
dos princípios foram utilizados de forma reversa para o fim de desconstruir propositadamente<br />
aquela narrativa.<br />
No vídeo indicado, o processo de produção e seu resultado demonstram o afastamento<br />
das regras narrativas. O objetivo no vídeo é construir um novo sentido por meio da apropriação<br />
de outras ideias, desconstruindo uma narrativa preexistente.<br />
O argumento do vídeo se apoia na discussão dos direitos autorais fundados no direito<br />
de propriedade. Questiona-se o valor da propriedade e o controle da propriedade intelectual<br />
<strong>Design</strong>, Arte, Moda e <strong>Tecnologia</strong>.<br />
São Paulo: Rosari, <strong>Universidade</strong> Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp-Bauru, 2010 110