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Design, Tecnologia e Linguagem: Interfaces - Universidade ...

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Transparências e fragrâncias: materialidades simbólicas nas embalagens de perfume<br />

uma de suas dimensões de expressão:<br />

O mundo das coisas é realmente a cultura em sua forma objetiva, é a forma<br />

que os seres humanos deram ao mundo através de suas práticas mentais e<br />

materiais; ao mesmo tempo, as próprias necessidades humanas evoluem e<br />

tomam forma através dos tipos de coisas de que dispõem (SLATER, 2002,<br />

p.104)<br />

Para Rede (1996), não existem significados culturais internalizados na consciência<br />

do indivíduo ou da coletividade que sejam produzidos em uma matriz que dispense a<br />

materialidade. A cultura material funciona, por excelência, como um local que medeia relações<br />

humanas, sendo capaz também de proporcionar uma herança cultural palpável às sociedades,<br />

contextualizada em determinado período e lugar.<br />

Segundo Slater (2002), o consumo é uma questão de como os sujeitos sociais se<br />

relacionam com as coisas do mundo (bens, serviços, experiências materiais e simbólicas)<br />

que buscam satisfazer suas necessidades. Portanto, o consumo é uma prática cotidiana que<br />

vai muito além do ato da compra, abrangendo não somente os usos dos artefatos no dia-adia,<br />

mas também suas reinterpretações, modificações e transgressões, utilizadas de modo a<br />

questionar ou reproduzir as ordens sociais.<br />

A indústria da perfumaria tem investido cada vez mais na ideia de que os fragrantes<br />

funcionam como um prolongamento da pele ou como uma roupa que a reveste, refletindo a<br />

personalidade e o estilo de vida do usuário. Os frascos de perfume criam efeitos de sentido<br />

simulando as experiências que o perfume pode provocar no usuário. Procuram causar<br />

sensações, suscitar desejos e fantasias, estimular atitudes, alterar o estado de humor.<br />

Constrói-se um “usuário imaginado”, um consumidor potencial que supostamente usa<br />

determinado produto. Utilizam-se marcadores identitários que funcionam como um discurso<br />

para persuadir os consumidores de que eles se assemelham ou tem algo em comum com os<br />

usuários imaginados dos perfumes.<br />

A estratégia de identificação entre o consumidor e o usuário potencial, geralmente,<br />

apoia-se em perfis pré-estabelecidos, atravessados por valores culturais, sugerindo padrões<br />

de comportamento, ideologias de gênero, cortes geracionais, modos de estilos de vida, por<br />

exemplo. As próprias fragrâncias tornam-se representações dos discursos culturais, sendo<br />

passíveis, portanto, de identificação. A representação de tais marcadores nos fragrantes e<br />

frascos de perfume costuma estar em consonância com os conceitos que a grife divulga ou<br />

deseja explorar.<br />

As identidades e as representações são práticas sociais, pois se constroem e se<br />

reconstroem constantemente no interior das relações individuais e coletivas; as posições de<br />

sujeito acabam por se tornar pontos de apego temporário (HALL, 2007).<br />

As identidades e diferenças adquirem sentido então por meio da linguagem - ela<br />

<strong>Design</strong>, Arte, Moda e <strong>Tecnologia</strong>.<br />

São Paulo: Rosari, <strong>Universidade</strong> Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp-Bauru, 2010 151

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