Design, Tecnologia e Linguagem: Interfaces - Universidade ...
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Investigações metodológicas: aproximação entre design e tecnologia<br />
presta atenção nos “seus vizinhos mais próximos” em vez de ficar “esperando por ordens<br />
superiores”. As formigas agem localmente, mas a “[...] ação coletiva produz comportamento<br />
global”. (JOHNSON, 2003, p. 54).<br />
Há uma questão que deve ser levantada. As formigas podem ser comparadas com<br />
relação à ação coletiva que faz acontecer um comportamento global, mas é inegável que os<br />
seres humanos produzam cultura, e as formigas não, ou seja, o padrão biológico pode explicar<br />
parte do nosso tipo de sociabilidade e as formigas podem nos ajudar nesta compreensão,<br />
mas não abarcará os aspectos culturais e psíquicos do homem.<br />
O autor Paulo Freire tem uma frase que relata bem essa questão: “Ninguém educa<br />
ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo<br />
mundo.” Assim como os homens dotados de conhecimento e cultura, as formigas também<br />
de uma forma organizada aprendem não no sentido cultural, mas na vivência, umas com<br />
as outras, vivendo a coletividade assim como o homem. Essa teoria de Deborah Gordon se<br />
encaixa perfeitamente com as idéias de Paulo Freire (1997).<br />
Segundo Freire, entendemos, portanto, que o termo bottom-up citado por Steven<br />
Johnson, leva a incessante tarefa de trabalhar a coletividade, começando de baixo para<br />
cima. Isto é, a partir do conhecimento dos alunos, “que vem de baixo”, dos seus problemas,<br />
angústias ou desejos, aproveitando a fala e as informações do aprendiz podemos fazer a<br />
diferença e trazer para “cima” as questões a serem resolvidas.<br />
Para Steven Johnson, “[...] A cristalização de um fenômeno bottom-up que se mantém<br />
no tempo” é uma das principais “leis da emergência”. Um sistema emergente é capaz de<br />
socializar, ficando mais inteligente com o tempo e com o conhecimento isso possibilita a<br />
integração entre pessoas. A cidade é outro exemplo citado por ele, além da pesquisa de<br />
Deborah Gordon das formigas.<br />
Segundo ele: “[...] as pessoas se auto organizam em sua vivência na cidade, vivem em<br />
partes diferentes, portanto, trocam experiências, prestando atenção umas nas outras”. Assim<br />
segundo o autor, a cidade se torna “[...] mais esperta, mais útil para seus habitantes”. Ainda<br />
relata que, “[...] esse processo acontece sem que as pessoas percebam. “[...]. “E aqui, outra<br />
vez, a coisa mais extraordinária é que esse aprendizado emerge sem que ninguém tenha<br />
conhecimento dele.” ( JOHNSON, 2003, p. 79).<br />
Nesse sentido, o autor aponta a cidade como um formigueiro, como um fenômeno<br />
emergente que tem em seu interior praças, pessoas que interagem e possuem sempre um<br />
vizinho para se comunicar. Sendo assim, Johnson afirma que é um mundo de interconexões<br />
“[...] conduzindo à ordem global, componentes especializados, criando uma inteligência não<br />
especializada, comunidades de indivíduos solucionando problemas sem que nenhum deles<br />
saiba disto. (JOHNSON, 2003, p. 69).<br />
<strong>Design</strong>, Arte, Moda e <strong>Tecnologia</strong>.<br />
São Paulo: Rosari, <strong>Universidade</strong> Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp-Bauru, 2010 191