Design, Tecnologia e Linguagem: Interfaces - Universidade ...
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Um estudo sobre a linguagem da ilustração e o design gráfico<br />
da linguagem, no dizer de Jakobson e a poesia um diagrama de sentidos e ressonâncias que<br />
acabam por se assemelhar à aquilo que conotam” (Santaella, 2009B, p.302). Deste ponto<br />
de vista, uma vez que ilustrar é comunicar uma mensagem através de imagens, poderíamos<br />
comparar o ilustrador ao poeta como alguém que configura a mensagem de uma imagem.<br />
Parece assim, mais justo separar as diferenças entre as profissões do designer e do ilustrador<br />
por meio da forma como é pensada ou articulada a linguagem visual em cada profissão.<br />
Através desta definição de que o ilustrador é articulador da mensagem, e designer articulador<br />
das linguagens, que surge o argumento de que ambos os de processos trabalho caminham<br />
indissociáveis na formação da mensagem visual.<br />
Antes de iniciarmos a análise, cabe introduzir brevemente a semiótica Peirciana que<br />
conheci através do livro Matrizes da linguagem e Pensamento da pesquisadora Lucia Santaella.<br />
Digo brevemente, pois seria inviável em um artigo descrever todo modelo de matrizes híbridas<br />
de Lúcia Santaella e todo seu embasamento na semiótica de Charles S. Peirce. Portanto,<br />
a introdução dos conceitos serve muito mais como uma guia para o leitor buscar maiores<br />
informações, do que uma literatura esclarecedora do tema. Lúcia Santaella definiu que “o<br />
estudo da imagem é, assim, um empreendimento interdisciplinar” (Santaella, 2009A, p.13).<br />
Com a ilustração, de modo específico, isso não é diferente. Há uma vasta bibliografia sobre<br />
linguagem visual, história da arte e estudo da imagem pronta para ser acessada pelos<br />
estudantes e interessados em ilustração. A busca pela semiótica Peirciana como ferramenta<br />
para um estudo de linguagem da ilustração é proveniente da necessidade de empregar uma<br />
metodologia de análise. Além disso, a pesquisa de Santaella sobre linguagem visual dentro<br />
das matrizes fornece uma espinha dorsal para análise da ilustração e um modo de organizar<br />
a leitura da imagem, o que auxilia no pensar e repensar a ilustração. A lógica de análise<br />
de Santaella nos fornece um panorama das possibilidades, decompondo uma imagem em<br />
diferentes nichos de análise, e compondo assim, um pensamento fluído e ao mesmo tempo<br />
estruturado.<br />
Peirce definiu a semiótica como a teoria geral dos signos, ele “dedicou toda a sua vida<br />
ao desenvolvimento da lógica entendida como teoria geral, formal e abstrata dos métodos de<br />
investigação utilizados nas mais diversas ciências” (Santaella, 2002, p.XII). É importante dizer<br />
que o estudo dos signos é muito antigo, e sua história poderia ser aqui reconstruída desde o<br />
mundo grego até o século XX quando a semiótica ficou conhecida como ciência dos signos. A<br />
semiótica não é uma ciência com objeto de estudo delimitado, e é apenas uma das disciplinas<br />
que compõem a extensa obra de Charles S. Peirce, e ainda existem outras correntes da<br />
semiótica que não serão abordadas aqui.<br />
A lógica de análise de Peirce é anticartesiana, partindo do princípio de que a lógica<br />
deve estabelecer uma tabela formal e universal de categorias a partir da mais radical análise de<br />
todas as experiências possíveis. Este pensamento surgiu a partir da insatisfação de Peirce dos<br />
modelos de categorias aristotélicas, consideradas mais gramaticais que lógica, e também com<br />
<strong>Design</strong>, Arte, Moda e <strong>Tecnologia</strong>.<br />
São Paulo: Rosari, <strong>Universidade</strong> Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp-Bauru, 2010 69