Design, Tecnologia e Linguagem: Interfaces - Universidade ...
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<strong>Design</strong> e naturalismo: filosofia naturalista, biônica e ecodesign<br />
o homem não pode criar ideias, pois está inteiramente submetido aos sentidos; todos os<br />
nossos conhecimentos vêm dos sentidos; b) a ciência só consegue atingir certezas morais:<br />
suas verdades são da ordem da probabilidade; c) não há causalidade objetiva, pois nem<br />
sempre as mesmas causas produzem os mesmos efeitos; d) convém que substituamos toda<br />
certeza pela probabilidade (JAPIASSU e MARCONDES, 2001).<br />
Biônica<br />
Hume pregava que todo conhecimento humano provem da observação do mundo a sua<br />
volta, sendo o próprio pensamento algo natural do ser humano. O pensamento se processa<br />
por associação de ideias, “que utilizamos em todas as nossas conclusões sobre questões<br />
de fato e, portanto, ele é o princípio do qual dependem todas as nossas crenças factuais<br />
ou causais sobre o mundo em que vivemos” (DUTRA, 2005, p. 87). Isso pressupõe que, em<br />
última instância, o homem não determina seu conhecimento, porque esse é decorrente de<br />
um processo natural do qual ele próprio é um sistema determinado. Essa consideração indica<br />
a natureza como responsável, inclusive, pela produção cultural, que se desenvolveu pelas<br />
mentes e mãos dos homens. Portanto, assumir os sistemas naturais como modelos para as<br />
produções culturais é propor um processo de aproximação entre duas etapas de um mesmo<br />
processo evolutivo.<br />
Por volta de 1960, o major americano Jack Steele definiu Biônica como “ciência dos<br />
sistemas cujo funcionamento foi copiado de sistemas naturais, que apresentam características<br />
específicas de sistemas naturais ou ainda que lhes sejam análogos”. Mas, ao longo da história,<br />
os seres humanos sempre adotaram a natureza como fonte inspiradora, para a criação de<br />
ferramentas e soluções para os problemas do seu dia a dia. Por exemplo, Leonardo da Vinci<br />
partiu das observações de uma libélula, um inseto que paira no ar, para projetar um artefato<br />
semelhante ao helicóptero moderno. Assim, podemos considerar que o fundamento básico da<br />
biônica é praticado pelo homem de forma espontânea, para extrair da natureza as soluções para<br />
os problemas cotidianos. Esse processo de observação da natureza, coletando informações<br />
para, posteriormente, solucionar problemas práticos ou teóricos implica na complexidade do<br />
sistema cognitivo humano. Isso configura a questão que intrigava Quine, uma vez que o ser<br />
humano é capaz de apreender os processos naturais e adaptá-los aos projetos culturais,<br />
sendo que...<br />
a entrada de dados sensoriais não é suficiente para o conhecimento humano.<br />
Ao contrário, ele enfatiza o fato de que deve haver uma mediação importante<br />
entre a tal entrada e a saída. [...] a diferença entre a riqueza dessa saída e a<br />
pobreza daquela entrada de dados sensoriais é tão impressionante que pede<br />
uma explicação (DUTRA, 2005, p. 92).<br />
Biônica é, portanto, uma área que se organizou a partir de uma possibilidade difícil<br />
<strong>Design</strong>, Arte, Moda e <strong>Tecnologia</strong>.<br />
São Paulo: Rosari, <strong>Universidade</strong> Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp-Bauru, 2010 11