Design, Tecnologia e Linguagem: Interfaces - Universidade ...
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Transparências e fragrâncias: materialidades simbólicas nas embalagens de perfume<br />
própria um sistema de diferença (SCOTT, 1991) - e dos sistemas simbólicos pelos quais são<br />
representadas. Ou seja, através de textos literários, telenovelas, publicidade, moda, design<br />
entre outras entidades que “delimitam espaços, estabelecem fronteiras por meio das quais<br />
são marcadas as diferenças em relação a outras possibilidades de identificação” (SANTOS,<br />
2008, p. 40).<br />
Nesta direção, segundo Medeiros e Queluz (2008), todo e qualquer artefato produz e<br />
está associado a uma identidade, tanto tecnicamente quanto culturalmente, para atingir os<br />
consumidores que irão comprar e usar este produto, que supostamente o identificará para<br />
sociedade. O sujeito constrói suas identidades e subjetividades através, mas não somente, de<br />
produtos de design, ancorando-se nas imagens e nos significados simbólicos que os objetos<br />
projetam; o consumo torna-se uma forma de comunicação.<br />
A “discussão sobre ‘estilos de vida’ (‘lifestyle’) passou a ser um condutor principal do<br />
design nos anos 90, não só na teoria como na prática” (BÜRDEK, 2006, p. 329). Entende-se<br />
que o estilo de vida é projetado a partir de um conjunto de produtos, roupas, cortes de cabelo,<br />
posturas corporais, experiências e etc. escolhidas e adequadas para externar a individualidade<br />
de uma pessoa, aproximando ou diferenciando-o de sujeitos e grupos sociais.<br />
O estilo de vida pode ser compreendido como “um conjunto mais ou menos integrado<br />
de práticas que um indivíduo abraça, não só porque essas práticas preenchem necessidades<br />
utilitárias, mas porque dão forma material a uma narrativa particular da auto-identidade”<br />
(GIDDENS, 2002, p. 79).<br />
Paul Poiret inaugurou o conceito de fragrância de estilista no início do século 20,<br />
conectando o perfume à moda, uma ligação que desde então jamais foi desfeita. O perfume,<br />
assim como a roupa, tornou-se parte integrante da personalidade do indivíduo, envolvendo<br />
diversos discursos tais como o estilo de vida.<br />
As propagandas sobre perfumes costumam explorar signos de estilo de vida, que<br />
acabam por contaminar os modos de percepção dos frascos de perfume, pois estes não<br />
existem por si só, fazendo parte de um entorno composto por mídias e mediações, que<br />
influenciam a imaginação dos consumidores.<br />
Em consonância com as propagandas, os frascos de perfumes são como mídias de<br />
estilo que, de acordo com Santos (2010), favorecem a circulação de valores que afetam a<br />
constituição, reformulação ou rompimento das identificações individuais e coletivas no interior<br />
da cultura de consumo.<br />
As funções dos frascos de perfume nas construções de identidade<br />
A embalagem é um instrumento comunicativo, composta por signos que transmitem<br />
mensagens quanto ao uso, à identificação, ao significado e ao valor do produto para o<br />
consumidor. Para Löbach (2001), os objetos têm três funções - prática, estética e simbólica –<br />
que possibilitam a satisfação, embora não permanente, de certas necessidades.<br />
<strong>Design</strong>, Arte, Moda e <strong>Tecnologia</strong>.<br />
São Paulo: Rosari, <strong>Universidade</strong> Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp-Bauru, 2010 152